Grupo é preso suspeito de movimentar R$ 250 milhões com empresas de construção de fachada

Polícia apreendeu bens no valor de R$ 17 milhões, como veículos de luxo e imóveis – Foto: Divulgação/Polícia Civil
Um grupo foi preso suspeito de movimentar R$ 250 milhões com empresas de construção de fachada e usar um vaqueiro como laranja. A operação cumpriu três mandados de prisão, seis mandados de busca e apreensão e bloqueou bens no valor de R$ 17 milhões na terça-feira (26), em Goiânia e Uruana, região central de Goiás.
Segundo a investigação, foram presos um empresário, dono de uma empresa real, um técnico de contabilidade e um laranja.
Segundo o delegado do caso, Bruno Costa, a investigação iniciou em novembro de 2024. Entre os bens bloqueados estão lanchas, imóveis de alto padrão e veículos de luxo.
“O empresário é o dono de um atacadista de materiais de construção, o técnico de contabilidade que prestava auxílio ao dono, criando as ferramentas necessárias para falsificar os documentos públicos e particulares e o registro dessas empresas em nome de laranjas,” disse Bruno.
Segundo a polícia, o objetivo do esquema era se apropriar indevidamente de recursos e deixar de recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Quando a Receita Estadual bloqueava uma empresa por falta de pagamento, o grupo criava outra empresa e continuava o esquema, informou o delegado.
Esquema de empresas ‘noteiras’
Segundo o auditor da Receita Estadual, Wagner Machado, o esquema funcionava quando a empresa original não lançava as notas para que ela não sofresse o ônus do crédito tributário, ou seja, não pagasse imposto. “Porque toda nota fica registrada no sistema e ela é suscetível a autuação,” informou Wagner.
Por outro lado, segundo o auditor, quando o registro é feito em uma empresa paralela que não tem capacidade de pagamento, o estado não pode cobrar o que não existe, esse crédito é chamado de crédito podre.
“Então, nesse esquema, a empresa original reduzia suas atividades de emissão para que ela não pudesse receber esse ônus, enquanto as empresas paralelas emitiam as notas para que houvesse o ônus em cima de quem não pode pagar,” contou Wagner.
Investigação
De acordo com o delegado, a polícia investigou dois períodos. De 2018 a 2023, foi o período do lançamento do crédito tributário que consta na dívida ativa de Goiás, o valor de R$ 17 milhões. Segundo Bruno, essa descoberta deu início à investigação.
Durante a operação, a polícia obteve o valor de movimentação de R$ 250 milhões, esse faturamento corresponde ao período de 2021 a 2025.
Segunda a polícia, os suspeitos podem responder por crimes de associação criminosa, falsidades ideológicas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
A investigação contou com o trabalho integrado da Polícia Civil de Goiás, da Receita Estadual, da Delegacia Regional de Fiscalização de Goiânia e da Polícia Rodoviária Federal para a prisão de um dos investigados.
Segundo o delegado, a operação continua investigando outras empresas “noteiras”, como restaurantes e empresas de tecidos. Segundo o delegado, essas empresas são clientes do contador e em vez estarem registradas no nome dos empresários estão em nome de laranjas.
O delegado informou que outras ações estão sendo tomadas pela Polícia Civil no combate ao esquema das empresas “noteiras”.

Grupo é preso suspeito de movimentar R$ 250 milhões com empresas de construção e usar vaqueiro como laranja – Foto: Divulgação/Polícia Civil
fonte: g1