Mauro Cid complica ainda mais a situação de Bolsonaro, em interrogatório no STF

Mauro Cid em depoimento ao STF sobre a trama golpista – Foto: Gustavo Moreno/STF
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, nesta terça-feira (10), os interrogatórios dos réus do “núcleo crucial” da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Os depoimentos estão marcados para começar a partir das 9h.
Em depoimento nesta segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro leu e editou a chamada “minuta do golpe”. Documento que previa medidas autoritárias para reverter o resultado das eleições de 2022.
Cid confirmou que, ao recebê-la, o ex-presidente teria enxugado o texto, que previa a prisão de ministros do Supremo, do presidente do Senado da época, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outras autoridades do Judiciário e do Legislativo.
O militar disse ainda que o ex-presidente não discutiu com ele nenhuma ação de desmobilização de manifestantes em frente a áreas militares após a eleição de 2022.
Cid colocou o general Braga Netto como personagem central na trama golpista. Diante de Moraes, Cid confirmou a acusação feita pela PGR e declarou ter “presenciado grande parte dos fatos, mas sem participar diretamente deles”. Em vários momentos, o tenente-coronel disse não se lembrar de detalhes de reuniões entre os réus do caso.
Alexandre Ramagem
O segundo a ser ouvido foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele negou que houvesse um grupo de trabalho que abordasse as urnas eletrônicas utilizadas no sistema eleitoral.
O ex-diretor da Abin respondia ao ministro Alexandre de Moraes em relação ao arquivo “Bom dia Presidente.docx”, vinculado a um e-mail de Ramagem e que havia sido criado em 2010 e modificado em 2021.
No documento, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), “é relatada a criação de um grupo técnico para desacreditar as urnas eletrônicas”.
Trecho do documento fala em reunião de “grupo técnico, de confiança, para trabalho de aprofundamento da urna eletrônica”.
“A questão é exatamente essa: confiança e segurança. Já há como concluir que será apontada vulnerabilidade na transparência técnica e na governança exclusiva do tribunal”, continua.
O próximo a ser ouvido será o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
Os depoimentos seguem ordem alfabética, com exceção do tenente-coronel Mauro Cid, que foi o primeiro a ser ouvido por ser colaborador de um acordo de delação premiada.
Além de Garnier, ainda faltam ser interrogados:
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022.