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Por unânimidade o Congresso do Peru derruba a presidente Dina Boluarte

Dina Boluarte, presidente afastada do Peru, está no centro de um escândalo por causa de seus relógios luxuosos – Foto: Luis Iparraguirre/Peru Presidency/Handout via Reuters

O Congresso do Peru aprovou, na madrugada desta sexta-feira (10), o afastamento da presidente Dina Boluarte. Ela é acusada de “incapacidade moral”. A votação foi unânime para “sim”.

Com 122 votos as quatro moções de destituição contra a presidente Dina Boluarte pela sua gestão face à insegurança e ao crime organizado. A primeira mulher a ocupar o cargo termina com o mandato marcado pelo descontentamento popular e pela violência.

O novo presidente é o chefe do Congresso, José Jeri. Ele assumiu a presidência em cerimônia realizada logo após a votação.

Em discurso, Jerí disse que tem o objetivo de fazer um governo de reconciliação e declarou guerra contra o crime. “Os inimigos são as gangues nas ruas”, afirmou.

Após a votação de sexta-feira, Boluarte falou à televisão nacional, destacando as conquistas de sua administração:

“Não pensei em mim mesma, mas nos peruanos”, disse ela.

Na noite de quinta (9), o parlamento realizou uma sessão para votar o debate sobre o afastament de Dina. Na mesma sessão, foi aprovada a convocação da presidente para se defender quando a moção fosse votada. Ela não compareceu.

O pedido aprovado, assinado por 34 congressistas de diferentes partidos, alega “incapacidade moral” da chefe de Estado e menciona graves acusações de corrupção, incluindo o caso “Rolexgate”, que investiga uma coleção de relógios de luxo não declarados.

Boluarte enfrentou forte rejeição popular — sua aprovação varia entre 2% e 4% — e responde a denúncias de enriquecimento ilícito. Em julho, ela dobrou o próprio salário, o que ampliou as críticas ao governo.

A presidente assumiu em dezembro de 2022, após a destituição e prisão de Pedro Castillo, que tentou dissolver o Congresso. A queda de Castillo provocou meses de protestos violentos, especialmente em regiões andinas e comunidades indígenas, reprimidos com violência pelo governo, segundo organizações de direitos humanos.

O atual Congresso de maioria conservadora, que havia barrado tentativas anteriores de impeachment, agora mostra maior apoio à destituição, em meio ao clima político tenso e à aproximação das eleições gerais marcadas para abril de 2026.

Desde 2018, o Peru já teve seis presidentes, e quatro ex-líderes estão presos, refletindo a instabilidade política crônica do país.

José Jeri toma posse como novo presidente do Peru, após o Congresso votar pela destituição da ex-presidente Dina Boluarte, em Lima – Foto: REUTERS/Angela Ponce

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