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Presidente da COP30 celebra consenso sobre agenda da conferência: “Fantástico acordo”

Crédito:  Bruno Peres/Agência Brasi

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, celebrou nesta segunda-feira (10) o consenso alcançado entre os países sobre a agenda oficial da conferência do clima da ONU, em Belém (PA).

Para o embaixador, o acordo costurado ainda no fim de semana foi considerado essencial para destravar o início das discussões formais.

“Quero agradecer às delegações pelo fantástico acordo que alcançaram ontem à noite. Esse entendimento permitirá que comecemos a trabalhar intensamente desde hoje e possamos explicar ao mundo por que esses temas adicionais realmente importam”, afirmou Corrêa do Lago durante uma coletiva de imprensa.

Com a agenda aprovada, as negociações seguem agora na chamada “blue zone”, o espaço restrito onde diplomatas de quase 200 nações se reúnem para revisar, palavra por palavra, os textos dos acordos climáticos.

Ao longo das duas semanas de conferência, serão debatidos mais de 100 documentos, que tratam desde o novo objetivo global de financiamento até a implementação de metas de mitigação e o avanço das políticas de perdas e danos. Cada parágrafo, verbo ou termo jurídico é analisado em detalhe e pequenas mudanças podem redefinir compromissos inteiros.

Impacto da aprovação da agenda

A aprovação da agenda é uma das primeiras etapas de toda COP e costuma refletir o nível de cooperação entre os países logo no início das negociações. Neste caso, o desfecho positivo foi visto como um sinal de harmonia e disposição para avançar nas pautas prioritárias da conferência, que inclui financiamento climáticotransição energética e metas globais de adaptação.

A presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, avaliou como positiva a aprovação da agenda das negociações logo na primeira sessão da conferência. “Começamos muito bem a COP aqui em Belém, porque foi adotada a agenda das negociações logo na primeira sessão, graças ao competentíssimo trabalho feito pela presidência brasileira”, afirmou.

Segundo Unterstell, o Brasil mostrou articulação ao evitar que temas sensíveis, como financiamento climático e metas de redução de emissões, travassem o avanço das conversas. Agora, esses pontos seguirão para consultas informais até quarta-feira (12). “Foi dada a largada [para as negociações] e isso é bastante positivo”.

Quais resultados são esperados da COP30?

Os resultados esperados da COP30 vão muito além de declarações de intenção. A conferência é vista como um marco decisivo para transformar o consenso político construído desde Dubai em ações concretas e mensuráveis, capazes de recolocar o planeta na rota do limite de 1,5°C.

O primeiro resultado esperado é o avanço em torno das metas climáticas (NDCs). Até agora, pouco mais de 100 países enviaram suas novas metas para 2035, mas a maioria ainda está muito aquém do necessário.

Hoje, as metas em vigor cobrem apenas 30% das emissões globais e levariam a uma redução de 4% até 2035, quando a ciência aponta que seria preciso cortar cerca de 60% para estabilizar o clima.

O Brasil e outros países esperam que Belém seja o espaço para reabrir o ciclo de ambição, com compromissos mais fortes, prazos definidos e mecanismos de revisão mais rigorosos.

“Os discursos são bem-vindos, mas precisamos que isso vire compromisso formal: que os países que ainda não entregaram, entreguem, e que os que entregaram pouco, revejam e melhorem suas metas”, afirma Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

Outro resultado esperado é que a conferência consiga dar forma ao “mapa do caminho” da transição energética.

ENTENDA O TERMO: “Mapa do caminho” ou roadmap (em inglês) é o termo usado em negociações internacionais para designar planos de ação que estabelecem etapas, prazos e metas concretas rumo a um objetivo comum. Na prática, trata-se de um roteiro político e técnico que define “quem faz o quê, até quando e com quais recursos”.

Durante a pré-COP em Brasília, a ministra Marina Silva foi direta ao afirmar que “não existe como falar de COP da implementação se não tivermos os meios para isso”.

Segundo a ministra, os países precisam garantir recursos financeiros, humanos e tecnológicos para viabilizar as metas de redução de emissões e de adaptação ao clima.

fonte: g1

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