Saiba quem é o cérebro anônimo da gestão do Mirassol

Juninho Antunes é o cérebro do Mirassol – Foto: JP Pinheiro/Agência Mirassol
O clube que carrega o nome da pacata cidade de Mirassol ganha, cada vez mais, as manchetes nacionais e até internacionais. O time do menor município dos últimos 40 anos do Brasileirão é, indiscutivelmente, a sensação da Série A. Para entender como essa equipe, que estava sem divisão nacional desde 2019, tem conseguido feitos tão impressionantes, é obrigatório falar sobre Junior Antunes.
Juninho, como é conhecido, é nascido em Mirassol e está na gestão do clube desde 1989. Mesmo em meio a tantas conquistas nos últimos anos, o gestor não gosta dos holofotes e de entrevistas. Nos bastidores, o atual vice-presidente se autodefine apenas como um “colaborador”.
Apesar da imensidão dos feitos do “cérebro” do quarto colocado do Brasileirão, o gestor não quer os louros para si. É avesso a entrevistas.
Antunes fala, a todo instante, de todos os funcionários do clube, divide os méritos com a equipe e destaca a parceria de 30 anos com o presidente (e prefeito da cidade) Edson Ermenegildo. Juninho também explicou por que contribui com o Mirassol, sem sequer receber salário.
“É uma paixão que tenho pelo futebol. O que o Mirassol me deu, eu retribuo no futebol. Era um menino de 23 anos, comecei com 200 m² e hoje tenho quatro lojas em Mirassol com 400 funcionários. Nunca tive um real pelo Mirassol e nem jogador. O trabalho que executo no Mirassol, executei na minha empresa, e é um negócio que me faz bem.” — Juninho Antunes, gestor do Mirassol.
Há 30 anos, o presidente é Edson Ermenegildo, que também é prefeito de Mirassol desde 2020.
A gestão do futebol, das finanças, das contratações e da montagem do elenco do Mirassol é feita por Juninho Antunes, que ganhou a parceria de Paulinho no fim do ano passado, após o acesso inédito à elite. O ídolo do Corinthians e executivo de futebol do Leão falou ao ge sobre o parceiro.
Ele praticamente é tudo no Mirassol. É um gestor. Me sinto privilegiado, porque ter um cara como o Juninho cuidando de tudo isso, é para poucos. A cada dia aprendo com ele, que vai me ensinando como funciona o futebol, o relacionamento com atletas e representantes. É prazeroso dividir tudo isso com ele. Ele já está nisso há mais de 30 anos, tem uma experiência enorme.

Juninho Antunes, Paulinho e Edson Ermenegildo, dirigentes do Mirassol – Foto: JP Pinheiro/Agência Mirassol
Para se ter uma ideia da importância do gestor, Juninho foi o responsável até por encontrar o terreno para a construção do CT do clube, após a venda de Luiz Araújo, em 2017.
O ge mostra, a partir de agora, quem é o maior responsável pela ascensão meteórica do clube do interior de São Paulo.
O “faz tudo” do Mirassol
As receitas do Mirassol são bastante modestas, se comparadas aos seus pares na Série A do Campeonato Brasileiro. O segredo para a excelente administração do Leão está nos mínimos detalhes. Não há uma compra sequer que não passe pelo crivo de Juninho Antunes. Até uma simples planta do centro de treinamento chega às mãos do dirigente.
A gestão centralizada permite que o clube tenha controle sobre todo e qualquer centavo gasto. Desde a contratação de jogadores até a compra de uma maca. Juninho Antunes se destaca por ser um administrador totalmente ativo no futebol e na curadoria do perfil de contratados. Não só define os futuros reforços, como participa de toda a negociação.
Logo após o acesso à Série A do Brasileiro, no ano passado, Antunes ganhou um parceiro e tanto: o ídolo corintiano Paulinho foi anunciado pelo clube como coordenador técnico. Em junho, virou executivo de futebol e passou a atuar diretamente com Juninho.
Paulinho trouxe ainda mais credibilidade e visibilidade ao Mirassol. O ex-volante foi útil em negociações difíceis como o acerto com o Cerro Porteño, na contratação do centroavante Chico da Costa. Todas as decisões importantes do futebol são tomadas com a concordância da dupla e também do técnico Rafael Guanaes.
– O nome do Paulinho traz credibilidade. Ele foi uma inspiração e tem um futuro enorme na profissão. Pela postura, lealdade, sinceridade e jeito de ser. O Paulinho foi fundamental neste ano na Série A. É um cara do bem, tranquilo, simples, diferenciado. Ele tem uma honestidade rara – falou Junior sobre o parceiro Paulinho.
Juninho Antunes é, na teoria, vice-presidente, mas, na prática, é o “faz tudo” do Mirassol. No passado, foi diretor de futebol, mas os cargos nunca definiram a real dimensão da relação entre ele e o clube do coração.
Apesar da fama, o gestor não gosta de ser definido como o “faz tudo do clube” e não hesita em citar nominalmente os funcionários mais antigos (veja no final da reportagem).
– O Mirassol não é um time de um nome só. É um clube formado por profissionais que estão aqui há muito tempo, que vestem a camisa, que são da cidade. Gente de sangue daqui. Outro dia lembrávamos: jogávamos em Altos, do Piauí, parava no meio da rua, e hoje estamos no Maracanã. É um sonho realizado. Mas quero deixar claro: ninguém faz nada sozinho. Eu até comando esse grupo de trabalho, mas não existe “Juninho é o cara”. Isso está errado. Não há diretor remunerado, todos estão por paixão e comprometimento – declarou Juninho Antunes.
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Estádio José Maria de Campos Maia, o Maião, em Mirassol – Foto: Marcos Freitas/Ag. Mirassol
Sem donos ou investidores
Diferentemente do que muitos imaginam, o Mirassol não é uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Apesar de não ter nenhum investidor, o time não tem nenhum real de dívidas, nem de ações trabalhistas.
Os cofres são abastecidos, principalmente, por cotas de TV e de competições (Paulistão e Brasileirão). Os patrocínios somam valores modestos. O clube, com a administração financeira de Juninho Antunes, também consegue fazer render verbas de vendas de jogadores.
— O segredo (do sucesso) é a seriedade, a forma responsável de administrar. Temos muito cuidado com a parte financeira, porque o clube não tem um investidor forte. Tivemos alguns parceiros desde 2007, mas desde 2019 não temos mais ninguém. É um clube que só investe com base em suas próprias receitas. Não tem outra situação — detalhou o gestor.
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Juninho Antunes ao lado de Leila Pereira e Marcelo Teixeira – Foto: Rafael Ribeiro/CBF
Apesar das aparências, o dirigente não é dono do Mirassol, e nem tem porcentagens de qualquer jogador da equipe. Para entender a forma que Juninho gasta o dinheiro do Leão, a filosofia dele é sempre usar parte no futebol e o restante em estrutura definitiva.
— O Mirassol é uma associação. Não é uma SAF, não tem dono. Não tem nenhum diretor remunerado no Mirassol. O clube tem um Conselho Deliberativo há muito tempo, que dá um suporte muito grande. É um Conselho que todos os anos nos dá bastante abertura e liberdade e confia no nosso trabalho.
Quando o Mirassol migrou para o grupo da Liga Forte União (LFU), recebeu R$ 21 milhões, em meados de 2024. R$ 8 milhões foram usados para reforçar o clube em busca do acesso. O restante, cerca de R$ 13 milhões foi para uma super reforma do estádio José Maria de Campos Maia, concluída em 2025.
Juninho Antunes revela que há desejo do Mirassol se tornar uma SAF no futuro, mas não há nada em curso, neste momento.
— O que temos de diferente é que não temos dívidas, não temos ações trabalhistas, nada. Estamos fazendo muito com pouco. Mas pode chegar o momento em que haja necessidade de ter alguém, desde que seja um parceiro sério, com um projeto esportivo, como o Red Bull ou o Bahia. Temos interesse — isso já foi conversado entre Dr. Edson, eu e o conselho deliberativo — em fazer uma SAF no Mirassol. Não é para agora, mas pode ser no futuro — explicou Juninho.
Luiz Araújo e CT
A virada de chave na história do Mirassol foi a transação de Luiz Araújo. Juninho Antunes revelou o que poucos sabem: foi o pentacampeão Edmilson que descobriu o jovem, que é da mesma cidade que ele, Taquaritinga. O ex-volante do Barcelona chegou a Juninho por um associado da rede de supermercados.
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Luiz Araújo durante treinamento pelo Mirassol — Foto: Reprodução/Instagram
Revelado no Leão, o atacante, que hoje está no Flamengo, rendeu R$ 6,4 milhões ao Mirassol na venda do São Paulo para o Lille, em 2017. O próprio Juninho explica como foi a transação.
— A decisão de comprar a área e fazer o CT veio em parte da negociação do Luiz Araújo. Nós tínhamos 30% dos direitos. O São Paulo o vendeu por 10 milhões de euros, mas não aceitou pagar a porcentagem integral. Acabou repassando apenas 2 milhões de euros (20%). Desse valor, 20% foi para o Edmilson, que trouxe o Luiz Araújo. Por isso, surgiu a ponte que trouxe o Luiz Araújo até nós. O irmão do Edmilson descobriu o menino em Taquaritinga, não me conhecia, e ligou para esse associado de Rio Preto. Foi ele quem trouxe o Luiz, com a mãe, o Edmilson e o irmão dele, até o meu mercado, para que o garoto pudesse fazer um teste (no Mirassol).
— A história é emocionante. A mãe do Luiz Araújo trabalhou em uma das minhas lojas, e o pai era auxiliar de caminhão em outra. Eles não tinham condições financeiras, e nós demos o apoio. Em agosto ele chegou ao Mirassol, e logo em janeiro já foi vendido ao São Paulo — completou Juninho.
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Pentacampeão mundial com a seleção brasileira, Edmilson foi quem “descobriu” Luiz Araújo — Foto: Caíque Andrade
O time amarelo e verde usou a maior parte do valor recebido na negociação (R$ 5,4 milhões) na construção do centro de treinamento, inaugurado em 2019. O dinheiro é menor do que muitos times do interior já receberam em negociações (como os R$ 30 milhões que o Ituano recebeu na venda de Gabriel Martinelli ao Arsenal).
Mais uma vez, coube a Juninho Antunes administrar essa verba. Foi ele que achou o terreno onde está instalado o CT. Ele comprou os 52 mil metros quadrados da área e lá começou a realização do sonho de dar estrutura ao clube.
— Compramos aquela área que não tinha nada, só fazenda. Com esse dinheiro construímos quatro campos, a academia e iniciamos os quartos. Quando começamos com o CT, a qualidade dos jogadores subiu muito. Com isso, vieram investimentos em equipamentos. Hoje temos academia de última geração e fisioterapia de ponta: laser com scanner, maca de descompressão de alto nível.
— Não abrimos mão de equipamentos de ponta, sempre pensando na qualidade física e de recuperação dos atletas: Kineo, esteira anti-gravitacional, Acquaflot, anel de controle de sono, e diversos aparelhos na parte fisiologia e fisioterapia para recuperação e prevenção de lesão. Nossa cozinha é moderna, com forno combinado e um Ivario que substitui o fogão. Não utilizamos óleo na alimentação para nossos atletas. Temos 20 apartamentos para o profissional, onde todos se concentram, e 14 apartamentos para a base, com quatro atletas por quarto. A base tem academia separada, refeitório separado — emendou Juninho.
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CT do Mirassol — Foto: Divulgação
O poderoso CT está em constante evolução com a aquisição dos mais modernos equipamentos. É o caso da câmara de flutuação de sais, que custou R$ 110 mil. Mais de R$ 15 milhões já foram investidos, ao todo, na modernização do centro de treinamento.
A mais recente compra é de uma maca extremamente tecnológica que foi responsável por resolver a lesão na coluna de Danielzinho, o motorzinho do time. O equipamento, que custou R$ 275 mil, tem a capacidade para atingir as vértebras desejadas.
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Volante Rodrigo Andrade faz sessão na câmara de flutuação do Mirassol – Foto: Arcílio Neto
O Mirassol investiu nos mais modernos equipamentos para o Centro de Treinamento. A estrutura não fica tão atrás de alguns dos principais clubes do país. Mas, para Juninho, há caminho para melhorar ainda mais.
— A principal necessidade é de campo. Jogamos campeonatos estaduais sub-11, sub-12, sub-13, sub-14, sub-15, sub-17 e sub-20, além do profissional. São sete categorias treinando no mesmo CT. Pensamos em comprar uma área nova para ampliar — projetou.
Orgulho e sonhos
Em quarto no Brasileirão, o Mirassol já soma 42 pontos em 23 partidas. A três pontos do “número mágico” contra o rebaixamento, Juninho Antunes fala pela primeira vez sobre a nova meta do Leão caipira: uma inédita classificação para uma competição sul-americana.
— Meu maior orgulho é perceber como a ideia que tivemos lá atrás se concretizou. Desde que subimos da Série D para a C, nosso objetivo foi ser o time da região. Este ano, na Série A, realizamos o sonho de uma cidade pequena estar lado a lado com as maiores do Brasil. O sonho inicial era apenas disputar a Série A. Hoje, com 42 pontos e 15 rodadas a disputar, sabemos que a permanência está muito próxima e já podemos sonhar mais alto.
— O sonho para este ano é conseguir disputar uma competição sul-americana em 2026. Já que deixaram a gente sonhar, temos que sonhar com isso. E também estruturar cada vez mais o clube. Quando começou o Brasileiro, o maior sonho era simplesmente permanecer na Série A no primeiro ano — completou.
“Só que, com a campanha que temos, não dá mais para pensar pequeno. Com a pontuação atual, já é muito difícil cair. Agora vamos sonhar mais alto: buscar uma vaga na Sul-Americana”, decreta.
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Chico da Costa comemora gol do Mirassol sobre o Botafogo — Foto: Pedro Zacchi/Agência Mirassol
Juninho não esquece as raízes e lembra do pulo gigantesco que o clube, sem divisão nacional em 2019, deu ao chegar na elite do Brasileirão pela primeira vez na sua história.
— Isso superou qualquer expectativa. Nem no maior dos meus sonhos imaginei que chegaríamos a esse ponto. Mas isso só acontece porque temos profissionais capacitados, que amam o Mirassol. Muitos jogadores estão há anos aqui e se identificam profundamente com o clube. Danielzinho, Gabriel, Muralha, Negueba, Neto Moura, Lucas Ramon, Gabriel e Chico Kim são exemplos. Quem chega já entende como as coisas funcionam e como trabalhamos para oferecer as melhores condições.
— A gente olha e fala: ‘Onde nós estamos?’ Esses profissionais estão com a gente há muito tempo. Às vezes, sentamos num hotel, no Rio de Janeiro, e lembro que uma semana antes a seleção brasileira estava lá. Pensamos: ‘Cara, nós estamos no hotel da seleção brasileira’. Quatro anos atrás, estávamos em Teresina, e no hotel tinha arroz, feijão, carne e massa. Hoje você abre um cardápio e é bonito de ver. É uma história construída com muito sucesso e muito pé no chão — finalizou o gestor do Mirassol.
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Taças da Série C (2022) e Série D do Brasileiro (2020) — Foto: Arcílio Neto
Quem é Juninho Antunes?
Alcebíades Antunes Junior é mirassolense de nascimento. Foi na cidade de Mirassol que ele nasceu em 1963. Pouco antes de completar 20 anos, Juninho foi lateral-direito do Mirassol, mas a carreira não deslanchou.
O negócio da família começou com o avô, Alfredo Antunes, que era carroceiro e dono de um pequeno empório na cidade. Começava aí a história da família dentro do universo do varejo. Depois da morte de Alfredo, em um jogo do Mirassol em 1975, a administração ficou com o pai de Juninho, que era professor.
Junior queria trabalhar na mercearia, mas o pai só permitiu se ele voltasse com um diploma nas mãos. Foi aí que o jovem se formou em engenharia e começou na administração da mercearia, ao lado do pai, em 1985.
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Juninho Antunes ao lado dos filhos Rodolfo e Gustavo, após o acesso à Série A do Brasileiro – Foto: Reprodução/Instagram
O negócio cresceu e o supermercado “Alfredo Antunes” passou a ter quatro unidades na cidade, empregando mais de 400 funcionários atualmente. Essas unidades são parte da Associação “Rede Sol”, que conta com 10 associados e 17 lojas que compram dos mesmos fornecedores.
Atualmente, os dois que mais ficam na administração dos quatro supermercados são os filhos Rodolfo e Gustavo Antunes.
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Mascotes do Mirassol na rede de supermercados de Juninho Antunes — Foto: Reprodução/Instagram
Entre gôndolas de supermercado e campos de futebol, Juninho Antunes segue escrevendo sua própria história, juntamente com a do Mirassol Futebol Clube.
Confira outros trechos da entrevista de Juninho Antunes:
Apoio da esposa e dos filhos
— Para mim, existem dois pilares nisso tudo: a fé em Deus e o apoio da minha família, que está comigo desde o começo, mesmo com todas as ausências que o futebol exige. Minha esposa Luciene e meus filhos me apoiam muito. Eu vou em todos os jogos, minha esposa e meus meninos me ajudam demais. Se não tiver esposa e filhos juntos, não tem como. Viraria um inferno.
Parceria com Edson Ermenegildo (presidente e prefeito)
— A partir de 1995, o Doutor Edson (Ermenegildo) assumiu e está até hoje. A gente faz uma gestão juntos. Ele sempre, devido aos compromissos maiores dele — foi delegado durante 43 anos e faz seis anos que é prefeito — deixou a parte do futebol toda na minha mão. O Mirassol trabalhava praticamente os quatro primeiros meses, ou na A3 ou A2 (do Paulista). Depois ficava sem calendário, então eram três, quatro meses de trabalho e acabava. Em 2007, o primeiro ano em que subimos para a Série A1 do Paulista, já era uma gestão toda nossa, minha e do Doutor (Edson), sempre com apoio do Conselho Deliberativo.
Primeiros anos da relação Juninho e Mirassol
— Comecei a ajudar, quando eu parei de jogar em 1983. Os diretores eram o Victor Saques, Ademar da gráfica, o Ceron e um tio meu, o Luiz Antunes. Depois, teve o Edson Garcia, o primeiro presidente que levou o Mirassol a pagar em dia. Foi o primeiro com quem trabalhei junto, em 1989. Em seguida, assumiu o Dr. Laguna, que era o médico da cidade. Teve a importância do prefeito Fernando Vendramini, que fez a arquibancada azul e os quartos do estádio. Ele amava o Mirassol.
— Minha contribuição inicial era quando eu dava palpite, quando os diretores perguntavam de jogadores. Mas era mais superficial, não era diretamente como foi a partir de 89. A parte financeira mesmo, o Edson Garcia que fazia na época. Era muito dependente da prefeitura. A prefeitura dava praticamente o dinheiro das folhas de pagamento. Nós fomos sair da prefeitura em 95, quando o Doutor Edson assumiu.
Juninho exalta funcionários do Mirassol
— É importante deixar claro que o Mirassol é um conjunto de pessoas. Nós temos vários profissionais de Mirassol, como o Ivan Baitello, auxiliar técnico; o Rafael Tamarindo, preparador físico; o Betinho, preparador de goleiros, e o Marco Antônio, coordenador da base. Está com a gente há muitos anos e hoje o filho dele, o João Vitor também está. Tem também o Rafael Pinto, o André fisioterapeuta, o Belletti (financeiro), Celso, Barba e Robertinho.
Técnico Rafael Guanaes
— Sobre o Guanaes, ele se encaixa perfeitamente no perfil do Mirassol. Sempre entendi que, se quero que os jogadores trabalhem muito, preciso oferecer condições para isso. E hoje oferecemos. Apesar de nunca ter treinado na Série A, em clubes como o Operário ele quase conseguiu o acesso, em cenários muito parecidos com o nosso: orçamento limitado, mas organização e trabalho.
Alinhamento e sintonia
— O segredo é uma palavra só: alinhamento. Comissão técnica, executivo de futebol, treinador. Se cada um trabalhar com uma linha de pensamento diferente, dá tudo errado. Hoje, no Mirassol, todos se respeitam, dão opinião, e as decisões — seja de logística, contratações ou qualquer outro assunto — são sempre em conjunto.
Pensamento à frente
— É uma característica muito forte do Mirassol: nunca esperar estar na Série B para ter equipamento de Série B, ou esperar estar na Série A para ter equipamento de Série A. Sempre tivemos tecnologia de ponta. Mesmo quando estávamos na Série D, já tínhamos o melhor equipamento e a melhor condição de treinamento.
Como os jogadores são escolhidos no Mirassol?
— Quanto à escolha de jogadores, a primeira coisa que avaliamos é o caráter. Esse é o ponto central. Buscamos atletas que aceitem o projeto e estejam dispostos a trabalhar. Poucas vezes me afastei dessa linha. E quando aconteceu, até pessoas próximas me ligaram para dizer: “Juninho, não entendi essa contratação”. Isso mostra como a coerência nesse critério é reconhecida por todos.
*Com colaboração de Carolina Bertazzi
Fonte: ge