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Alexandre decreta prisão preventiva de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF

A decisão foi dada no inquérito que apura se Silvinei usou a PRF para tentar interferir nas eleições de 2022 em benefício do candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL).

No segundo turno das eleições do ano passado, quando chefiava a instituição policial, a PRF fez mais de 500 operações no transporte de eleitores. As blitze atrasaram votações, em especial no Nordeste, onde pesquisas apontavam a vitória de Lula (PT). 

Para Alexandre, a conduta do investigado, segundo o que foi narrado pela Polícia Federal, “revela-se ilícita e gravíssima, pois são apontados elementos indicativos do uso irregular da máquina pública com objetivo de interferir no processo eleitora, via direcionamento tendencioso de recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores”. 

Uma troca de mensagens entre um diretor e um coordenador da Polícia Rodoviária Federal (PRF) indica que foi discutido o embasamento legal para autuações na operação no segundo turno das eleições de 2022. O diálogo foi incluído no ofício da Polícia Federal (PF) para a ação que prendeu o ex-diretor da instituição Silvinei Vasques.

A conversa por áudio referenciada pela PF ocorreu entre Adiel Pereira Alcântara, então coordenador de análise de Inteligência da PRF, e Luís Carlos Reischak, então diretor de Inteligência da PRF, no dia 19 de outubro de 2022.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, nesta quarta-feira (9), após a Polícia Federal relatar que testemunhas mentiram aos investigadores por “temor reverencial” a Silvinei.

Em sua decisão, Moraes diz que a PF identificou “prejuízo” à investigação ao constatar que dois subordinados de Silvinei na PRF mentiram em depoimento por medo do antigo chefe. O que, segundo o ministro, comprovaria que, “em liberdade”, o ex-diretor-geral da PRF “teria poder de influenciar no depoimento de eventuais testemunhas”.

De acordo com a investigação da PF, as duas testemunhas que “faltaram com a verdade ao prestar depoimento” são Naralúcia Leite Dias, então chefe do Serviço de Análise de Inteligência da PRF, e Adiel Pereira Alcântara, então coordenador de Análise de Inteligência da PRF.

No pedido feito à Moraes, a PF afirma que, além de uma “reverência” dos subordinados ao antigo chefe, a prisão de Silvenei era necessária para evitar um “combinamento de versões” entre servidores da PRF.

“Visando evitar uma combinação de versões, o ideal é que todos sejam ouvidos de forma concomitante, sendo que a manutenção do investigado em liberdade pode vir a comprometer a eficácia das diligências”, diz a PF.

Segundo a PF, “ainda que aposentado, é muito provável que haja uma reverência de tais Policiais Rodoviários Federais àquele Diretor-Geral que os indicou para as respectivas funções”. Silvinei se aposentou em 2022, poucos dias antes de o governo de Jair Bolsonaro (PL) acabar, três dias depois de ser exonerado do cargo.

Silvinei foi preso nesta quarta-feira, pela suspeita de tentativa de interferência nas eleições presidenciais. De acordo com a investigação da Polícia Federal, integrantes da PRF teriam direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia do segundo turno.

Em sua decisão, Moraes afirmou que a conduta de Silvinei “revela-se ilícita e gravíssima, pois são apontados elementos indicativos do uso irregular da máquina pública com objetivo de interferir no processo eleitoral, via direcionamento tendencioso de recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores”.

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