Política

Aliados de Lula veem interferência política de Trump e querem associar tarifas a Bolsonaro

Foto: Reprodução/Bloomberg

Aliados do governo Lula veem o anúncio de Donald Trump de que vai impor tarifas de 50% contra o Brasil como uma interferência direta do no processo político brasileiro, com o objetivo de beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e apoiadores, e avaliam que é preciso vincular os prejuízos econômicos gerados pela medida de Washington à oposição.

Trump publicou nesta quarta (9) em uma rede social uma carta endereçada a Lula. Nela, o republicano anuncia que aplicará a taxação contra o Brasil e cita o julgamento do ex-presidente Bolsonaro.

O americano afirma que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma “vergonha” e que o julgamento contra o ex-presidente é uma “caça às bruxas” que precisa ser encerrada imediatamente”.

Segundo a carta, as tarifas serão cobradas a partir de 1º de agosto. Trump fala em ordens “secretas e ilegais” emitidas contra plataformas de mídia nos Estados Unidos, e violação à “liberdade de expressão de americanos”.

Para auxiliares de Lula, a carta de Trump vincula de forma evidente que a punição comercial contra o Brasil tem relação com a ação de Bolsonaro e de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), contra a gestão do petista e as investigações do STF (Supremo Tribunal Federal) que miram o ex-mandatário.

Eduardo se licenciou do mandato em março e se mudou para os Estados Unidos para defender junto a autoridades americanas sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e contra a gestão Lula.

Para assessores de Lula, que fazem uma análise preliminar da medida, caberá a Bolsonaro e à oposição carregarem o ônus político dos danos econômicos que as tarifas vão acarretar.

Esse discurso já tem sido explorado por aliados ao Planalto. A ex-deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-AC), por exemplo, escreveu numa rede social que Bolsonaro e Eduardo causam “grande prejuízo ao Brasil” e que é preciso se unir “em defesa da nossa soberania”.

Um auxiliar no Palácio do Planalto cita ainda o fato de a Comissão de Relações Exteriores do Senado, controlada por bolsonaristas, ter aprovado nesta quarta uma moção de louvor a Trump.

O requerimento votado, do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), aliado de Bolsonaro, afirma que o americano “deve ser enaltecido e lembrado como um melhores presidentes do mundo e exemplo a ser seguido para a implementação e manutenção de uma democracia moderna e justa”.

Para esse auxiliar, esse tipo de ação da oposição abre um flanco para que ela seja responsabilizada pelas tarifas.

Outro ponto na análise preliminar de aliados de Lula é que Trump deixou patente na carta uma tentativa de interferência no processo político eleitoral do Brasil, assim como em ações do STF que têm Bolsonaro e grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, como alvo.

Segundo eles, isso politiza a guerra tarifária contra o Brasil e não deixa margem para que o governo Lula ou o Supremo façam concessões às exigências americanas.

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