Aluno que matou professora em uma escola estadual de São Paulo chega à Fundação Casa e pode ficar até 45 dias na unidade
O estudante de 13 anos que matou uma professora esfaqqueada e feriu outras quatro pessoas em um ataque a uma escola estadual de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (27/3), afirmou em depoimento à polícia ter planejado o atentado por dois anos, inspirado nos massacres de Suzano, na Grande São Paulo, em 2019, e de Columbine, nos Estados Unidos, em 1999.
O autor do ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro, foi transferido para uma unidade da Fundação Casa, na capital paulista, na noite desta segunda-feira (27).
De acordo com a Fundação Casa, o Judiciário marcará uma audiência da Vara da Infância e Juventude, que ainda não tem data definida. O estudante poderá ficar até 45 dias internado na unidade, onde passará por uma análise.
O delegado Marcos Vinicius Reis, do 34° Distrito Policial, responsável pela investigação, contou que 32 testemunhas entre elas a diretora, professoras e alunos, já prestaram depoimento.
A polícia ainda vai investigar se o jovem teve algum tipo de ajuda para realizar o ataque e se ele planejava também ferir membros da sua família e a si próprio.
O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, também informou, durante entrevista coletiva, que o adolescente fez uma publicação no Twitter sobre o crime. O perfil do estudante, porém, era restrito ao público. A polícia conseguiu descobrir as informações pelo celular do próprio autor do ataque, que foi apreendido.
Agora, os investigadores vão identificar quem são as pessoas que interagiram com o adolescente, de acordo com o secretário.
Durante o ataque, o aluno usava uma máscara de caveira, que é a mesma utilizada no massacre em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, e no atentado em Aracruz (ES). A bandana preta é conhecida por ser um símbolo de supremacistas americanos.
Comportamento estranho
O menino que presenciou o ataque contou que Guilherme sempre teve um comportamento estranho. “Era frio, ficava sentado na sala com fone e não conversava.”
“Ele esfaqueou ela [a professora Elizabeth] nos braços, nas costas e na cabeça. Todo mundo começou a correr, eu até caí e torci o pé, aí tentei me esconder”, revelou um outro aluno. O jovem conta, ainda, que na semana passada Guilherme e um outro colega de turma teriam se desentendido e entrado em uma briga “de socos”.
“Nessa briga, o Guilherme chamou o menino de macaco, ficou fazendo racismo, aí eles se agrediram. Depois, o Guilherme disse que ia se vingar, mas ninguém acreditou”, revelou o adolescente.
Mascarado e com a arma branca, o agressor passou de sala em sala. Os gritos chamaram a atenção de outros docentes, que ficaram na porta para impedir a entrada dele.
Guilherme foi contido por uma professora de educação física. Um vídeo mostrou o momento em que a profissional age. Ela flagra o adolescente esfaqueando uma funcionária da escola, imobiliza-o pelo pescoço e pede a uma outra professora que pegue a faca.
Ele ainda entra em luta corporal com a mulher, mas ela consegue contê-lo. Após essa ação, a polícia foi acionada para ir ao local e apreendeu o adolescente.
“Não fosse o ato heroico dela, a tragédia ia ser maior”, afirmou o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite. O secretário de Educação, Renato Feder, considera a professora uma “heroína”.