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Apagão que causa caos em Portugal, Espanha e outros países da Europa

Crédito: Borja Sanchez-Trillo/EPA

Um enorme apagão atingiu Portugal e Espanha nesta segunda-feira (28/4), provocando confusão e problemas em diversos serviços. Andorra e partes da França também relataram cortes de energia.

Na Espanha, restaurantes e lojas ficaram sem luz, e o Aberto de Tênis de Madri foi suspenso. Da mesma forma como em Portugal, o metrô parou de funcionar, assim como os semáforos, causando grande caos no trânsito. Nas redes sociais, circularam vídeos de passageiros caminhando pelas estações escuras de metrô.

Os aeroportos também registraram cancelamento de diversos voos: ao menos 96 voos partindo de Portugal foram cancelados, sendo Lisboa o aeroporto mais afetado (30% das partidas canceladas). E a companhia aérea portuguesa TAP chegou a fazer um alerta para que passageiros não se dirijam ao aeroporto. Na Espanha, 45 partidas foram canceladas.

A causa do apagão que deixou milhares de pessoas sem luz, telefone, internet e transporte, ainda não foi divulgada, mas o primeiro-ministro de Portugal e também presidente do Conselho Europeu, Luis Montenegro, disse que “não há indícios” de que um ataque cibernético esteja por trás do corte de energia.

Mais tarde, a entidade comercial que representa o setor elétrico na Europa informou ao programa The World Tonight, da BBC, que ocorreu um problema com a conexão de energia entre a França e a Espanha.

Kristian Ruby, secretário-geral da EURELECTRIC, também descreveu a interrupção como “algo muito, muito raro”.

“Houve um problema técnico específico que surgiu e, portanto, a rede espanhola foi desconectada da rede europeia mais ampla hoje mais cedo”, afirmou Ruby. “Agora, a julgar apenas por essa situação, não se poderia imaginar que isso causaria um corte de energia em toda a Península Ibérica, então minha avaliação é que provavelmente houve outros elementos nessa equação que causaram essa situação.”

Nos dois países, centenas de pessoas correram para os caixas eletrônicos para saques em dinheiro, já que muitas lojas não conseguiam receber pagamentos com cartões.

“Um amigo disse que os caixas eletrônicos estão cheios, todos estão sacando dinheiro físico por segurança”, relatou à BBC News Brasil a professora brasileira Laura Beatriz Faleiro Diniz, que vive no Porto, em Portugal.

A brasileira Nina Alves, que vive em Barcelona, conta que precisou caminhar por quase cinco quilômetros para voltar para casa. “Tive que andar mais de 1 hora para chegar em casa, porque não tinha metrô, nem táxi livre, os ônibus estavam todos apinhados de gente e o trânsito um caos”, relatou à BBC News Brasil.

Após chegar em casa, ela conta que foi até a escola dos filhos, muito preocupada, pois além da eletricidade, eles estavam sem telefone também. “Mas estava tudo bem, porque a escola tem gerador.”

“Depois começamos a andar pelo bairro, para tentar comprar comida que não precisasse ser cozida, porque nosso apartamento só tem forno e fogão elétricos. Mas todos os mercados estavam fechados. Achamos uma padaria aberta, mas que só vendia com dinheiro em espécie. E quem anda com dinheiro hoje em dia? Eu, pelo menos, não”, conta.

Ela afirma que a família acabou alimentando com pães, biscoitos e sucos que já tinham em casa.

A Espanha havia declarou estado de emergência para as regiões que o solicitarem. Até o momento, Madri, Andaluzia e Extremadura solicitaram que o governo central assuma a ordem pública e outras funções.

Por volta das 21h em Madri (16h em Brasília), o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que a eletricidade foi restabelecida em algumas áreas do norte e do sul do país. Na madrugada de terça (29) na Europa, 82% dos espanhóis já tinham energia de volta em casa, segundo a operadora de energia Red Electrica.

Em Madri, a energia começou a ser restabelecida aos poucos, começando por algumas lojas e o metrô, assim como em Portugal.

Também no início da madrugada em Lisboa, a operadora de energia REN afirmou que a energia elétrica havia sido restabelecida para cerca de 80% dos portugueses.

Ainda assim, a interrupção de energia teve enorme efeito nos dois países.

Os serviços de trem continuaram suspensos, e milhares de pessoas ficaram presas ao longo do dia. Lojas em algumas áreas relataram prateleiras vazias, à medida que as pessoas estocavam suprimentos básicos.

As autoridades tentaram projetar um clima de calma, mas, ao mesmo tempo, aumentaram a mobilização das forças de segurança. Também pediram aos cidadãos que limitem o uso de celulares, com as redes sob pressão, e que não façam viagens desnecessárias.

“Não saímos de casa, só para ir ao mercado, estamos tentando usar o celular com moderação para poupar bateria e poupando também a água que temos para consumo”, contou Laura Diniz, do Porto.

“Nossa casa não tem água porque a maior parte dos prédios aqui contam com caixas subterrâneas, ou seja, precisa da bomba funcionar para a água subir, e essa bomba precisa de energia”, disse.

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