Após arrecadar US$ 67 mil e 130 toneladas de lixo, brasileira realiza sonho e chega ao topo do Everest
Atleta contou com rede de apoio, além da ajuda de empresas parceiras e colocou em prática o projeto de sustentabilidade Sucata Everest
Aretha Duarte, 38 anos, natural do bairro Jardim Capivari, periferia de Campinas, interior de São Paulo, arrecadou US$ 67 mil (cerca de R$ 400 mil na cotação atual) e 130 toneladas de lixo reciclável ao longo de um ano para realizar um sonho: chegar ao topo de Monte Everest, no Nepal. (Cerca de 8.848 mil metros de altitude).
Os materiais juntados representaram apenas um terço do valor necessário para a expedição. A outra parte contou com doações, financiamento coletivo e patrocínio de empresas. “Realizei bazares com roupas e móveis para arrecadar dinheiro e até leilão online. Todas as ações foram voltadas à economia circular, uma forma sustável de gerar impacto positivo tanto para o meio ambiente, quanto para a sociedade”, explica a brasileira.
A ideia surgiu apos a participação da jovem em uma palestra no curso de educação física na PUC Campinas (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). “Eu nunca prestei atenção ou ouvi falar sobre este esporte. Posteriormente, visitei uma empresa especializada em expedições em alta montanha. Fiquei apaixonada pelo que vi e assisti”, lembra. “Pude compreender que se tratava de um esporte não competitivo e com contato direto com a natureza”, conta a brasileira apaixonada por causas relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade.
Especializada em fisiologia, nutrição, bioquímica e treinamento desportivo pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Aretha resolveu ingressar na atividade esportiva profissionalmente, atrelada a sustentabilidade, com a reciclagem de materiais, algo que já fazia na infância. “Criei o Projeto Sucata Everest, pedi a família e aos amigos que me ajudassem a juntar os materiais recicláveis. Também divulguei nas redes sociais e fui recebendo muitas doações”, explica.
O valor arrecadado garantiu os custos terrestres para a expedição no Monte Everest como: alimentação, equipe de montanhistas profissionais, acampamento, equipamentos, seguro viagem, ingressos para a participação e realização da escalada, dentre outros.
Rumo ao topo Everest
Para se preparar, Aretha realizou cursos e ampliou a sua rede de contato com pessoas que praticavam a atividade esportiva. Convidada a integrar o time de colaboradores de uma empresa do ramo de montanhismo, ela realizou escaladas pelo Brasil. “Já estive na alta montanha, Campo Base do Aconcágua, chamado Plaza Argentina, na Argentina. Local que se encontra a maior montanha das Américas, com 6.962 metros de altitude”, conta.
O processo de preparação para a escalada ao Monte Everest se iniciou com uma viagem para o Equador, na montanha Chimborazo. “Foi um treinamento pré-Everest, que contou com uma equipe multidisciplinar de profissionais voluntários”, diz.
A viagem ao Nepal aconteceu no dia 1º de abril de 2021 e durou 54 dias. A atleta percorreu até a base ao topo do Monte Everest. “Com a preparação física, a ajuda de médicos, psicólogos, pude chegar ao meu objetivo no topo da montanha, desafiando o clima, a temperatura e o emocional”, relata. “Chegando ao topo me senti muito empoderada, pisando num lugar realmente privilegiado. Na época, eram apenas 25 brasileiros que haviam chegado ao topo da montanha, hoje são 33 brasileiros, deste total apenas sete mulheres”, conta.
Expedição: Sete Cumes Andinos
Aretha guia um grupo de pessoas na montanha Vulcão Sajama, na Cordilheira dos Andes
DIVULGAÇÃO
Os Sete Cumes Andinos são representados pelas montanhas mais altas de cada continente:
– Ojos del Salado (6.891 metros, no Chile);
– Monte Aconcágua (6.962 metros, na Argentina);
– Nevado Huascarán (6.768 metros, no Peru);
– Vulcão Chimborazo (6.310 metros, no Equador);
– Nevado de Huila (5.700 metros, na Colômbia);
– Pico Bolívar (4.980 metros, na Venezuela);
– Vulcão Sajama (6.542 metros, na Cordilheira dos Andes).
Destes, Aretha já escalou o Monte Aconcágua, Vulcão Chimborazo e, recentemente, o Vulcão Sajama. A atleta retornou da Bolívia, no último sábado (30), e deu sequência ao projeto: Sete Cumes Andinos. “Fui para escalar e guiar um grupo para a mais alta montanha do país, o vulcão Sajama”, diz. Segundo a brasileira, a expedição foi extremamente desafiadora. “Eu me sentia com a responsabilidade de colaborar com os demais participantes a realizarem os próprios sonhos de estarem no topo da montanha”, recorda.
Para a montanhista as escaladas não tem fim. “Quero chegar no Monte Denali, no Alasca, a mais alta montanha da América do Norte. É um desafio técnico e físico, quero poder ir em maio de 2023, mas ainda dependo de uma rede de apoio para essa escalada acontecer”, diz.
Alexandra Sabiá, diretora global de Pessoas&Cultura, da Moove a patrocinadora da atleta, diz que a organização tem muito orgulho de fazer parte e incentivar a construção desta história. “Queremos que cada vez mais mulheres possam servir de inspiração e referência. Com o nosso apoio, ela se tornou a primeira mulher latino-americana e caribenha a escalar a montanha de maior altitude da Terra, o Monte Everest.”
Alexandra destaca que a organização também esteve com a brasileira nesta última expedição ao topo do Vulcão Sajama, patrocinando um mini documentário EESG (Meio Ambiente, Social e Governança), termo traduzido usado para se referir as práticas empresariais e de investimento que se preocupam com critérios de sustentabilidade.”
Fonte: R7