Política

Após assassinato do irmão, Sâmia se licencia do cargo de deputada federal

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) anunciou que se licenciou das atividades parlamentares por tempo indeterminado. A decisão ocorre após o assassinato do irmão dela, o ortopedista Diego Ralf de Souza Bomfim, e de outros dois médicos no dia 5 de outubro, no Rio de Janeiro.

Em comunicado divulgado no X (antigo Twitter), Sâmia agradeceu a solidariedade com ela e seus familiares após o assassinato “bárbaro” do irmão. Os médicos e amigos de Diego, Marco de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro de Almeida, também foram mortos na ação criminosa que vitimou o irmão da parlamentar.

A nota, assinada pela equipe da deputada, aponta que a licença das atividades parlamentares será por tempo indeterminado e acontece em “decorrência da situação”.

A equipe de Sâmia apontou que, gradualmente, as atividades nas redes sociais será retomada, para “apoiar e dar visibilidade às lutas e demandas sociais com as quais o mandato é comprometido”. A equipe também esclareceu que o mandato, em Brasília e São Paulo, continuará trabalhando e construindo “as lutas por justiça social e em defesa dos direitos do povo”.

Também foi informado que a parlamentar e sua equipe seguirão “incessantemente na batalha por justiça por Diego, Marcos e Perseu”.

“Com isso [a luta por justiça], também fortalecemos a luta por um modelo de sociedade em que o combate ao crime seja feito com inteligência e efetividade e no qual a segurança pública, assim como todas as áreas sociais, seja valorizada e garantida, respeitando os direitos de todas e todos”, declarou Sâmia, em nota.

APÓS AMEAÇAS, SÂMIA PEDIU ESCOLTA DA PF

Na semana passada, Sâmia disse que estava sendo alvo de ameaças e explicou que pediu o reforço de sua segurança à Câmara, com uso de escolta da Polícia Federal. A declaração feita em entrevista ao jornal O Globo.

Na entrevista, Sâmia informou que recebeu mensagens e e-mails de pessoas que se aproveitaram da morte de seu irmão para atacá-la. A deputada disse que alguns reivindicam a autoria do crime e que outros a atacavam afirmando que ela será a próxima vítima se não mudar sua atuação política.

O marido dela, o também deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), e o filho do casal também são alvos dos ataques. Segundo a parlamentar, todo o conteúdo já foi encaminhado à Polícia Federal.

“É aterrorizante receber este tipo de e-mail. Desesperador”, disse a deputada ao Globo.

Sâmia explicou que, em um primeiro momento, acreditou que o assassinato do seu irmão fosse uma represália a ela.

No entanto, ela afirmou que atualmente acredita na principal hipótese, de que um dos médicos que estava com Diego, o Perseu, tenha sido confundido com um miliciano que atua no Rio.

A deputada falou ainda que tem medo de que o crime fique sem solução. “Conhecemos a segurança do Brasil e do Rio de Janeiro. E não se trata apenas de saber quem apertou o gatilho ou mandou apertar, mas há uma estrutura por trás. Isso foi consequência de algo maior.”

Após o crime, a parlamentar disse que a família, através dos seus advogados, pediu acesso aos dados do inquérito sobre a morte do irmão. A declaração ocorreu durante o velório de Diego, no dia 6 de outubro, na cidade de Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

A deputada declarou ainda que o pedido ocorreria dentro do que a lei brasileira permite e o objetivo seria “ter acesso às informações e acompanhar de perto todas as linhas e possibilidades de investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro”.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo