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Após derrota, Milei revê estratégia e peronismo se fortalece, na Argentina

Foto: Juan Mabromata/APF

A vitória do peronismo nas eleições legislativas da província de Buenos Aires foi vista como um “triunfo contundente” sobre o Liberdade Avança, partido de Javier Milei. A derrota na província mais importante da Argentina, que representa cerca de 40% do eleitorado nacional, foi um duro golpe ao presidente, que via a eleição como um plebiscito para seu governo.

A coalizão peronista “Força Pátria” venceu com 47,28% dos votos. O partido Liberdade Avança de Milei obteve 33,71%, uma diferença de 14 pontos percentuais. Já a coalizão “Somos Buenos Aires” surpreendeu ao se posicionar como terceira força política. Com 5,26% dos votos, o grupo tirou votos do partido de Milei e se apresenta como uma nova opção nacional.

“A terceira via tirou votos do partido Liberdade Avança e também vai se apresentar como opção nacional”, considerou a analista política Lara Goyburu, logo após os resultados.

O dólar oficial disparou após as eleições, chegando a 1.450 pesos. Isso representa um aumento de 7% em relação à cotação da sexta-feira anterior às eleições.

As ações dos bancos argentinos caíram em média 16% em Wall Street. Empresas como a petroleira YPF e a elétrica Edenor também registraram quedas significativas de 14,87%.

Um dia após a derrota eleitoral, o governo Milei anunciou que abrirá uma “mesa política nacional” para dialogar com os governadores.

Impacto político e econômico

Além de ter sido encarada por Milei como uma espécie de plebiscito, que mediria a força de seu projeto político-econômico frente ao governador da província, o peronista Axel Kicillof, a eleição seria um termômetro para o próximo pleito. Em outubro, o país encara as eleições legislativas nacionais em que, atualmente, o governo Milei não tem maioria.

Analistas avaliam que o presidente “nacionalizou” uma eleição que era regional, apostando que os resultados seriam favoráveis ao Liberdade Avança. O escândalo envolvendo a irmã e secretária-geral da presidência, Karina Milei, também impactou negativamente o partido do presidente – trazendo a tona questões de corrupção que contradizem o discurso do governo.

A derrota nas eleições provinciais coloca em xeque a estratégia política de Javier Milei e levanta dúvidas sobre sua capacidade de manter apoio popular nas próximas eleições nacionais.

O governo também foi criticado por não priorizar pautas sociais importantes. A desaceleração da inflação não foi suficiente para conquistar o eleitorado, que também demanda investimentos em saúde, educação, além de atenção para a crise sanitária que pessoas com deficiência e os aposentados enfrentam no país.

Com a derrota, Milei adotou um tom mais ameno, reconheceu a derrota e prometeu manter seu projeto político de austeridade. Ele afirmou que buscará ajustes para enfrentar a inflação e aumentar a confiança no país.

Vitória para o peronismo

Agora, Kicillof emerge como figura central da oposição peronista. Sua vitória fortalece sua posição política e pode abrir caminho para uma possível candidatura presidencial em 2027. Além disso, seu governo também ganhou respaldo, já que ele terá mais facilidade de aprovar e manter programas sociais a nível estadual.

Enquanto isso, Cristina Kirchner lançou o slogan “Kirchnerismo e peronismo mais do que nunca”, marcando sua permanência como uma figura influente no cenário político argentino. Mesmo cumprindo prisão domiciliar, ela se manifestou publicamente após os resultados das eleições.

fonte: uol

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