Ataque surpresa de Putin faz a Europa acordar
Soldados anti-Kremlin atira contra russos na região de Kharkiv / RUSSIAN VOLUNTEER CORPS
Foi uma demonstração de força cuidadosamente coreografada em Pequim na quinta-feira (16), quando o presidente russo, Vladimir Putin, chegou para mais uma reunião com o líder chinês, Xi Jinping. Os dois eram apenas sorrisos.
Nos 10 dias desde que Putin tomou posse para mais um mandato – o seu quinto como presidente da Rússia – o exército lançou um ataque surpresa no nordeste da Ucrânia, aproximando-se da segunda maior cidade do país, Kharkiv, e capturando várias aldeias ucranianas.
O ataque relâmpago da Rússia, de acordo com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que cancelou todas as suas viagens ao exterior, visa forçar a Ucrânia a aumentar as suas defesas.
Taticamente, a ação de Moscou reforçou a sua posição no campo de batalha antes da chegada das prometidas armas dos EUA à Ucrânia. Politicamente, isso acontece meses antes do possível retorno ao poder do ex-presidente Donald Trump, que indicou que não continuará com o nível de apoio do presidente Joe Biden a Kiev.
O secretário das Relações Exteriores britânico, David Cameron, classificou o momento como “extremamente perigoso”. A Rússia, disse ele, tinha efetivamente “invadido novamente”.
Para aumentar a tristeza, os europeus assistiram aos aliados de Putin na Geórgia, uma ex-república soviética, ignorarem os protestos massivos nas ruas e aprovarem o chamado projeto de lei dos “agentes estrangeiros”, que é quase uma cópia daquele usado pelo Kremlin para esmagar a oposição pró-democracia.
Foi uma vitória para Moscou e uma derrota para a grande maioria dos georgianos que desejam fervorosamente que o seu país entre na União Europeia.
Garantir vitórias sem ir à guerra é mais barato. É por isso que Moscou está interferindo na Moldávia, outra ex-república soviética que espera aderir à União Europeia, e é por isso que há provas crescentes de campanhas russas em curso para interferir nas muitas eleições que decorrem na Europa e em outros lugares, injetando desinformação e alimentando tensões políticas.
Curiosamente, o Ministério das Relações Exteriores eslovaco acusou a Rússia de interferir nas eleições que levaram Fico – um admirador de Putin – ao poder. Moscou negou as acusações.
O ministro do Interior do país alertou que a Eslováquia está “à beira da guerra civil” devido às tensões políticas. O ministro também disse que o ataque teve motivação política e afirmou que o suspeito discordava das políticas de Fico.
O que começou como uma invasão russa a Ucrânia há mais de dois anos se transformou em um desafio memorável para a Europa.
Com o avanço da Rússia na guerra, o continente está acordando para o fato de que esse conflito é mais do que a sobrevivência de uma ex-república soviética. Todos os dias, a dura realidade de que o que começou na Ucrânia mudará a Europa nos próximos anos se torna mais inevitável.
fonte: cnn