Bamba: Senador Marcos do Val acusa Bolsonaro de tentar coagi-lo a dar golpe de Estado
Segundo reportage de metropoles o senador disse, nas redes sociais, que denunciou o fato. Logo depois, anunciou que vai renunciar ao mandato e “deixar a política”
O senador Marcos do Val (Podemos-ES), afirmou, na madrugada desta quinta-feira (2/2), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). tentou coagi-lo a participar de um plano de golpe de Estado para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Marcos do Val disse, nas redes sociais, que recusou a proposta e denunciou o episódio. O senador não especificou quando ocorreu a coação, nem a quem ele denunciou a tentativa golpista. Horas depois, fez uma publicação anunciando que vai renunciar ao mandato.
“Eu ficava p*to quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem, que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na [revista] Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto a ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”, afirmou, durante a transmissão ao vivo.
O suposto golpe de Estado contra a democracia brasileira foi arquitetado em mensagens de celular atribuídas ao ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). O diálogo teria ocorrido em conversa com o senador Marcos do Val (Podemos-ES).
“Irmão, essa missão está restrita a três pessoas e só irá ficar, provavelmente, com mais cinco após concluída. Cinco estrelas. Tranquilize-se. Essa missão, nem o Flávio [Bolsonaro] saberá”, escreveu Daniel Silveira em um aplicativo de mensagem.
“Não sei se compreendeu a magnitude desta ação. Ele define, literalmente, o futuro de toda a nação”, escreveu ainda o ex-deputado.
Nas mensagens, sugere-se que cinco generais (cinco estrelas) estariam articulando o golpe. As mensagens teriam sido trocadas logo após o resultado das eleições em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito.
Em outro trecho da conversa, Silveira escreve: “Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”. O 01 citado no texto seria o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que segundo do Val, participou do encontro.
“Após isso ser feito, será um acontecimento histórico. Todos serão levados às posições em que devem estar. De herói e de traidores. A sua estará definida e marcada como um herói”, escreveu ainda o ex-deputado.
Reunião para golpe
Marcos do Val detalhou, na manhã desta quinta-feira (2/2), um suposto plano para gravar clandestinamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma tentativa de reverter a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições. O plano teria sido articulado com a presença de Bolsonaro. O senador vai depor na sede da Polícia Federal (PF).
Daniel Silveira foi preso nesta quinta, após perder o foro privilegiado. A prisão foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo descumprimento de centenas de medidas cautelares definidas pelo órgão, como o uso de tornozeleira e a proibição de usar as redes sociais.
Denúncia sobre prisão de Alexandre de Moraes põe Bolsonaro na mira
A denúncia do senador Marcos do Val sobre plano golpista põe Bolsonaro à mercê de Alexandre de Moraes. O parlamentar acusa Bolsonaro e Daniel Silviera de o receberem no Palácio da Alvorada para tratar de uma articulação para prender Moraes e anular as eleições.
O senador foi às redes sociais nesta quinta-feira (2/2) para dizer que foi coagido por Bolsonaro a dar um golpe de Estado. Bolsonaro articulava movimentos para impedir a posse de Lula. E que, em reunião no Alvorada, a prisão de Alexandre de Moraes chegou a ser discutida, com presença de politicos de dois partidos, como parte da intervenção no TSE.
Não faria sentido intervir no tribunal sem prender o presidente da Corte.
O relato de Marcos do Val também se encaixa com outras informações publicadas na coluna. Em entrevista aqui no dia 5 de dezembro, Flávio Bolsonaro afirmou que “golpe militar nunca foi cogitado“. Dois dias após a declaração, contudo, Bolsonaro foi ao cercadinho no Alvorada dizer a apoiadores que “quem decide para onde vai as Forças Armadas são vocês“.
A postura do pai e a do filho, como foi destacado, eram dissonantes. Um relato de Marcos do Val à revista Veja pode mostrar por quê.