Bolsonaro discursou para uma plateia esvaziada, na Avenida Paulista

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Bolsonaro discursou para uma plateia, que reuniu cerca de 12 mil pessoas, que soou na Avenida Paulista como se tivesse percebido que a realidade é o único lugar onde pode continuar sonhando com um indulto. Discursando para uma plateia esvaziada, rogou aos seus devotos que elejam 50% da Câmara e do Senado em 2026.
“Se fosse uma tentativa de golpe, vocês não estavam aqui. Queremos justiça, pacificação, o bem do nosso país”, discursou. “Se vocês me derem 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente. Faremos isso por vocês.”
Pouco antes, num discurso calibrado, Tarcísio de Freitas fez pose de Plano B ao lado do “mito”: “O Brasil não aguenta mais a desfaçatez, a corrupção, o governo gastador, com juros altos. O Brasil não aguenta mais o PT. Fora PT. O Brasil não merece esses caras. Vamos dar essa resposta no ano que vem. Vamos nos reencontrar om a esperança, com a prosperidade.”
Em conversa com os repórteres, Flávio Bolsonaro como que iluminou a pantomima. Disse que candidatos de direita que ambicionam o apoio do pai precisam assumir o compromisso de abrir a cela: “Quem defende a democracia tem que se comprometer com esse indulto.” A troca de apoio pela clemência já havia sido esboçada por Flávio em entrevista à Folha.
O novo ato de Bolsonaro ocorreu dois dias depois de Alexandre de Moraes abrir prazo para que Bolsonaro e seus cúmplices do alto comando do golpe apresentem ao Supremo suas alegações finais. O julgamento deve ocorrer em setembro.
Até aqui, Bolsonaro fingia desconhecer a realidade. Ao se dar conta de que o centrão apressa a escolha de um substituto, o capitão começa a perceber o que a realidade também já não reconhece a ficção de um pseudo-presidenciável inelegível prestes a adornar sua biografia com uma condenação por conspirar contra a democracia.

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Além de Bolsonaro, estiveram na manifestação:
- Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
- Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais
- Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro
- Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina
- Marcos Rogério (PL), senador por Rondônia
- Flávio Bolsonaro (PL), senador pelo Rio de Janeiro
- Magno Malta (PL), senador pelo Espírito Santo
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL
Também participaram os deputados Marco Feliciano (PL), André do Prado (PL), Bia Kicis (PL), Gustavo Gayer (PL), além do vice-prefeito de São Paulo, PM Coronel Ricardo Mello Araújo (PL).
Não apareceram no evento os governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Ambos foram subiram no palanque de Bolsonaro há dois meses e desejam concorrer à Presidência da República em 2026 como o nome da direita e com o apoio de Bolsonaro. A mulher do ex-presidente, Michelle Bolsonaro (PL), avaliada nas pesquisas como possível presidenciável, também faltou.
Além deles, os senadores e ex-ministros de Bolsonaro Ciro Nogueira (PP-PI) e Rogério Marinho (PL-RN) também não estiveram no ato político.