Bolsonaro faz da comemoração do 7 de Setembro atos de campanha eleitoral
O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, a menos de um mês do primeiro turno das eleições, o transformou o 7 de Setembro durante comemoração do Bicentenário da Independência, em comício nas três principais cidades do país: Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
No início da manhã, ele assistiu ao desfile militar, na Esplanada dos Ministérios, em homenagem à data. Depois, quando o desfile acabou, ele discursou em um trio elétrico em uma manifestação organizada por seus apoiadores, na outra faixa da Esplanada.
Ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do candidato a vice, Braga Netto, e de empresários aliados, Bolsonaro mencionou diretamente o dia da eleição, 2 de outubro. Pediu para seus apoiadores votarem e mudarem a opinião de quem tem preferências diferentes.
“A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil”, disse o presidente.
Em outro momento de sua fala, Bolsonaro afirmou que o país trava uma luta do “bem contra o mal”. Ele costuma usar essa expressão para se referir ao embate com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu rival na eleição e líder nas pesquisas de intenção de voto.
“Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por 14 anos em nosso país, que quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão. O povo está do nosso lado. O povo está do lado do bem. O povo sabe o que quer”, disse.
No 7 de setembro passado, Bolsonaro fez ataques diretos contra as instituições, a democracia e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No discurso desta quarta, em Brasília, sem se referir a nenhum caso específico, ele afirmou que, caso reeleito, levará para “dentro” das quatro linhas da Constituição “todos aqueles que ousam ficar fora delas”.
“Podem ter certeza, é obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Com uma reeleição, nós traremos para dentro dessas quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora delas”, declarou.
Bolsonaro afirmou que atualmente “todos sabem” o que é o governo federal, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Os apoiadores do presidente vaiaram quando o ouviram falar em STF.
Este ano, ao contrário de outros desfiles da Independência, os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário não compareceram ao o evento.
A manifestação, no auge, ocupou grande parte das seis faixas de uma das vias da Esplanada — em extensão –, e parte do canteiro central. O ato começou por volta de 9h. O público começou a se dispersar por volta de 11h30, após a fala de Bolsonaro.
Apoiadores de Bolsonaro se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para celebrar o 7 de Setembro — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Vista aérea da manifestação pró-governo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília — Foto: TV Brasil
Faixas e cartazes com dizeres antidemocráticos
A manifestação de seus apoiadores, na qual Bolsonaro discursou, tinha faixas e carstazes con dizeres antidemocráticos e com reivindicações que contrariam a Constituição Federal.
Apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro exibem faixa antidemocrática em ato no 7 de Setembro — Foto: Walder Galvão/g1
Algumas das faixas pediam, por exemplo, a intervenção militar no governo e a ruptura democrática.
Apoiadores de Bolsonaro exibem faixa com inscrição antidemocrática em inglês — Foto: Reprodução
Mulheres
O presidente, que tenta ganhar apoio do eleitorado feminino, mas tem sido criticado por ataques a mulheres em suas falas, discursou ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Ao pedir para que os apoiadores o ajudem a mudar a escolha de quem deseja votar em outros candidatos, Bolsonaro sugeriu comparar as primeira-damas.
“Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha família. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está na minha frente”, declarou.
O presidente ainda incentivou homens solteiros a procurarem “uma princesa” para se casar.
juo