Brasileiras estão entre as vencededoras de concurso que elege as melhores fotos de parto
Em entrevista exclusiva à CRESCER, as fotógrafas contam como foi receber o prêmio internacional, conhecido como o Oscar dos fotógrafos de parto
Considerado o Oscar dos fotógrafos de parto, o concurso internacional 2023 Birth Photography Image Competition anunciou os vencedores de sua 13ª edição na última quinta-feira (30). Entre os premiados estão duas brasileiras: as fotógrafas Paula Beltrão e Karoline Saadi. O intuito da competição é celebrar a beleza da fotografia de parto, como a saída do bebê, que pode surpreender a todos e chegar empelicado, ou mesmo o primeiro abraço e aconchego que os pais dão para o filho logo após o nascimento. Momentos que ficam para sempre na memória das famílias.
O prêmio é realizado pela International Association of Professional Birth Photographers (IAPBP) — uma das mais respeitadas associação de fotografia de partos do mundo. No total, a entidade tem mais de 1.100 membros, em 52 países. No concurso, há a premiação das fotos escolhidas pelos jurados e também pelos membros da entidade. Além da melhor foto geral, os profissionais competem em quatro principais categorias: detalhe de nascimento, parto, nascimento, pós-parto e, por fim, há a categoria destinada para registrar bebês que não sobreviveram. O concurso também tem subcategorias como melhor foto em preto em branco de parto, que foi a que Karoline Saadi venceu.
“Estamos muito orgulhosos dos participantes da competição deste ano porque, apesar de tudo o que enfrentamos em nossa comunidade nos últimos anos, este concurso representa a resistência dos fotógrafos de parto para superar desafios imprevistos. Também estamos entusiasmados em continuar oferecendo uma subcategoria nova, impactante e poderosa intitulada Dificuldades e Perdas. Queremos homenagear 1 em cada 4 partos que sofrem aborto espontânea e/ou perda”, disse a nota da entidade.
Agora, a foto do bebê empelicado ganhou o mundo e foi premiada em várias categorias no concurso internacional. Paula conta que é membro da IAPBP desde 2018 e nunca tinha participado da competição, mas seu registro encantou os jurados. “Escolhi esta foto por toda simbologia que a cerca. Está foto transmite a beleza da natureza, a pureza do bebê ainda envolto na proteção com uma expressão de serenidade e tranquilidade, e tendo ainda uma parte do corpo dentro do corpo da mãe, mostra a força da mulher, do corpo”, destacou a profissional.
Para Paula, ser premiada pela IAPBP tem um significado muito especial para a sua carreira. “Me dedico e me entrego muito a profissão e a premiação é a coroação meu trabalho. Minha maior alegria é ser escolhida para registrar tantas histórias de nascimento de tantas famílias. Registrar tantos bebês nascendo. Diariamente me sinto muito feliz em estar nesta ambiência. Ter a foto premiada é a cereja do bolo. É entender que a foto transcendeu a emoção da família e tocou outras pessoas”, ressaltou.
Quando recebeu o e-mail anunciando os vencedores do concurso de fotos de parto, Karoline Saadi (@karolinesaadifotografia), que mora em Ribeirão Preto (SP), não estava muito confiante que sua foto seria selecionada. “Confesso que fui olhar de forma descrente, só para ver as fotografias vencedoras. E aí quando vi minha fotografia, a família que confiou em mim para estar dentro do lar deles contando essa história, eu chorei. Chorei, depois liguei para as amigas. E chorei mais um pouco. E tremi inteira”, disse à profissional, em entrevista à CRESCER.
Mãe de uma menina de 8 anos, Karoline começou a fotografar em 2011 e abriu sua empresa no ano seguinte. “Comecei a fotografar por sentir um chamado forte em guardar o cotidiano. A ideia de pertencimento familiar que a fotografia carrega ao longo dos anos me encanta, e era um espaço que eu me sentia confortável ao vivenciar as experiências familiares de quem me contratava. Fazia eu me sentir pertencendo a aquele lugar também”, contou ela.
incentivar outras mulheres a se apropriarem do seu parto. Se sintam potentes e capazes de passar por esse processo também. Além de ser uma forma de inibir práticas de violência obstétrica. Acredito no poder social da fotografia de parto e também é muito forte para mim a sensação de gratidão e honra por poder ver vidas chegando nesse mundo”, disse ela.
Em seu caminho, Karoline conheceu mais hospitais, ambientes mais amplos e principalmente profissionais alinhados com o atendimento humanizado. A estreia da fotógrafa no concurso foi nesta última edição da IAPBP e ela já foi premiada. “A fotografia que foi premiada [tirada em janeiro] é especial demais, porque ela representa para mim o que é o nascer respeitoso. É um parto domiciliar planejado. É uma criança nascendo no conforto do lar. Sendo acolhida já por seu pai e também sua irmã. É uma menina vendo sua irmã nascer e podendo ter essa marca de poder na vida. Uma das juradas que deu feedback na fotografia disse: ‘Se eu estivesse grávida e visse essa fotografia’, perderia o medo do parto”, disse ela.
A categoria que Karoline foi premiada é chamada de Delivery, que é o período expulsivo, é um momento que conta até o nascimento da placenta. “Coloquei na subcategoria do conteúdo em preto e branco, porque escolhi essa estética para que as cores da imagem não desvirtuam o olhar do observador das expressões da família”, explicou ela.
Para a mãe, premiar uma fotografia é uma forma de autoafirmar seu trabalho. “Me sentir segura por estar indo no caminho certo em unir técnica e o meu coração. Mas mais ainda eu sempre penso que é uma forma de difundir o parto. Incentivar mais mulher. Tornar acessível e possível um parto respeitoso. Desmistificar a ideia de que parto é dor e sofrimento. Não é, é vida. É força. É potência. É muita entrega e amor”, finalizou.
Confira as fotos premiadas pelos jurados
MELHOR FOTO QUE REGISTRA A PERDA DE UM BEBÊ
Fonte: Crescer