Polícia

Câmera corporal mostra PM executando suspeito que estava rendido, em SP

Foto: Reprodução/g1

A câmera corporal de um policial militar preso por matar um suspeito gravou o momento em que ele atira contra um homem já rendido. O caso ocorreu durante uma operação na noite de quinta-feira (10), na favela de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo. Após a execução, houve protesto marcado por vandalismo, e um outro suspeito foi morto.

Nas imagens, é possível ver ao menos três policiais entrando no quarto onde os suspeitos estavam.

Um dos homens, identificado como Igor Oliveira de Moraes Santos, aparece de mãos erguidas, em pé, encostado em uma parede. Um dos PMs realiza dois disparos contra ele, que cai no chão. Segundos depois, o policial pede para Igor se levantar. Enquanto se levanta, o agente faz outro disparo. Outro militar também atira em seguida.

Assim que realizam os disparos, os PMs gritam: “As COP, as COP, as COP”. COP é a sigla para câmeras operacionais portáteis, ou seja, as câmeras corporais utilizadas nas fardas dos agentes.

Segundo o coronel Emerson Massera, chefe da comunicação da PM, as prisões dos agentes aconteceram após a análise das imagens das câmeras corporais usadas pelos policiais.

“O homem já estava rendido quando os policiais efetuaram os disparos. (…) A ação dos policiais foi ilegal”, disse. “A ação começou completamente legítima. (…) Num determinado momento, esse homem já estava rendido quando os policiais efetivaram os disparos, sem nada que os justificasse”, afirmou.

Os quatro suspeitos estavam fugindo e tinham entrado na casa de um morador que não tinha qualquer envolvimento com a ação quando a polícia chegou. Com eles, foram apreendidas três armas de fogo, carregadores, drogas, dinheiro e celulares.

Massera ressaltou que a corporação não compactua com erros de policiais e que foi determinada uma apuração rigorosa sobre o episódio. “Foram condutas criminosas”, acrescentou. “Reconhecemos nosso erro e os policiais já estão sendo responsabilizados e vão responder por isso”, disse. Segundo ele, “houve o erro do policial, não falta de treinamento ou preparo”.

Os agentes usavam o modelo novo de câmeras corporais, em que a gravação tem que ser ativada. De acordo com o coronel, uma das câmeras foi acionada por um dos policiais, ativando automaticamente, via bluetooth, as demais.

Mais dois policiais que participaram da abordagem foram indiciados. O homicídio doloso (quando há intenção de matar) será investigado em um inquérito que tem prazo de 20 dias e poderá ser prorrogado por mais 40 dias. Ao final da investigação, as imagens das câmeras corporais serão liberadas.

Três homens que também estavam na casa foram presos. Dois deles não tinham passagens criminais.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

“A equipe da unidade já recebeu as imagens das Câmeras Operacionais Portáteis (COPs), utilizadas pelos policiais militares envolvidos na ocorrência, que estão sendo analisadas para contribuir com o esclarecimento dos fatos”, diz o texto.

“Dois policiais militares foram presos em flagrante por homicídio doloso, após as imagens das câmeras corporais – utilizadas por todos os agentes – demonstrarem que eles efetuaram disparos contra um suspeito já rendido. Outros dois PMs também foram indiciados, por apresentarem versões incompatíveis com as imagens registradas”, informou a pasta.

Protesto após execução

Após a morte de Igor, moradores da região promoveram um protesto que ficou marcado por tumulto. Umk grupo de pessoas foi flagrado atacando ao menos cinco motoristas nos arredores da Avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, bairro vizinho à comunidade.

Durante as manifestações, uma pessoa foi presa e outra foi morta. O nome da vítima é Bruno Leite, de 29 anos.

O Globocop, da TV Globo, registrou com exclusividade homens armados com pedaços de madeira e pedras arremessando objetos contra veículos nas ruas do entorno da favela. Um dos carros chegou a ser empurrado e tombado. O grupo fugiu com a chegada das viaturas da PM.

Foram quase quatro horas de tumulto. Um sargento da Rota foi baleado no ombro e está fora de perigo, mas terá de passar por cirurgia. Três viaturas foram danificadas.

Massera disse que a “PM reconhece seus erros”, mas não irá “retroceder no trabalho de combate à criminalidade”.

Grupo da região do Morumbi ateia fogo para bloquear rua – Foto: Reprodução/TV Globo

O que diz a Secretaria da Segurança Pública

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que as Polícias Civil e Militar apuram as duas ocorrências:

“À tarde, os policiais foram acionados para uma denúncia de homens armados em um ponto de venda de drogas. Ao chegarem ao local, três suspeitos fugiram em direção a uma casa. No local, um dos suspeitos morreu baleado e dois foram presos. Foram apreendidas armas de fogo, munições, entorpecentes e anotações do tráfico.

Por volta das 20h, após um protesto iniciado por moradores, policiais militares foram recebidos a tiros em outro ponto de Paraisópolis. Um policial foi baleado e socorrido ao Hospital Albert Einstein. Um suspeito de 29 anos foi atingido e não resistiu aos ferimentos. As duas ocorrências são investigadas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), por meio de inquérito policial.

A Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apuração de todas as ocorrências. As imagens captadas pelas câmeras corporais dos policiais estão sendo analisadas, e diligências seguem em andamento para o completo esclarecimento das circunstâncias dos fatos.”

fonte: g1

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo