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Chacina no DF: terreno de R$ 2 milhões que motivou assassinato de família já era alvo de disputa judicial

Marcos Antônio Lopes de Oliveira, vítima da chacina que morava no local, era acusado de ocupar área irregularmente. Outra família diz que tem escritura da chácara há mais de 40 anos; processo corre desde 2019.

A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que o assassinato de dez pessoas da família de cabeleireira Elizamar da Silva foi motivado pela posse de uma chácarra avaliada em dois milhões, na região do Paranoá. Antes dos crimes, no entanto, as terras já eram alvo de uma disputa na Justiça, movida por outra família de Brasília.

De acordo com o advogado Cristiano Fernandes, o terreno de 5,2 hectares — do tamanho de cerca de cinco campos de futebol — é de propriedade da família que entrou na Justiça há mais de 40 anos, mas estava sendo ocupado indevidamente por Marcos Antônio Lopes de OliveiraRenata Juliene Belchior e Gabriela Belchior desde 2019. Eles foram mortos na chacina e eram sogro, sogra e cunhada da cabeleireira Elizamar.

“O terreno está formalizado. Tem uma escritura pública, registrada em cartório no nome da família”, diz o advogado.

Segundo Fernandes, um caseiro que cuidava das terras com contrato de trabalho assinado pela família repassou a vaga de forma irregular para outra pessoa, que passou a ocupar o terreno

O advogado Cristiano Fernandes afirma que a herdeira do terreno fez uma locação com a avó, proprietária das terras, para uso do local. Lá, ela exerceu a profissão de veterinária.

No entanto, com o tempo, a família deixou de ir à chácara com frequência e passou a usá-la apenas aos fins de semana. Para fazer a manutenção do local, eles contrataram um caseiro, afirma Fernandes.

“Ele ficou lá entre 2012 e 2019, com contrato de trabalho, carteira assinada e todos os direitos trabalhistas pagos. Depois, ele simplesmente resolveu sair”, conta o advogado.

No entanto, antes de ir embora, Fernandes afirma que o homem redigiu um contrato de cessão da vaga de trabalho. Segundo o advogado, ele não tinha autorização para isso.

“Como se você trabalhasse, decidisse ir embora e colocasse alguém no seu lugar, sendo que seu chefe teria apenas que aceitar”, explica.

Quando a família descobriu que outra pessoa estava morando no local, pediu para que o homem saísse. Mas Fernandes alega que, em seguida, a região foi novamente ocupada de forma irregular.

“Dois meses depois, ele saiu, mas fez a mesma coisa que o caseiro, e o Marcos [sogro da cabeleireira Elizamar] começou a ocupar o terreno em meados de 2019”, diz o advogado.

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