Polícia

Chef relata racismo após ser acusada de roubo no Rio de Janeiro

Uma chef de cozinha relata que sofreu uma falsa acusação de furto dentro de um supermercado do Largo do Machado, na Zona Sul do Rio. Ela acrescenta que teve dificuldades para abrir um registro de ocorrência para denunciar o caso e vê o procedimento como conduta racista.

Eva Moema Nascimento, de 41 anos, foi até o Extra para comprar camarões. Ela trabalha com comidas típicas da Bahia, sendo conhecida pelo Acarajé da Dona Di.

Ela conta que estava comprando ingredientes para suas receitas e deixou o camarão, que costuma comprar no local, por último para que não descongelasse. Eva afirma que depois de sair do estabelecimento, dois seguranças correram até ela perguntando “se ela não tinha esquecido de pagar nada” e pedindo que ela abrisse a bolsa.

A chef conta que, nessa hora, eles disseram que ela estava furtando um litro de leite e que já tinha sido parada outras vezes pela mesma prática no mercado. No entanto, ela nega todas as acusações e afirma que tem um estabelecimento ao lado do Extra.

Eva solicitou apoio da Polícia Militar via 190, e registrou o caso na 9ªDP (Catete). Porém, reclama que os PMs não conduziram os seguranças para a delegacia, e afirma que “fizeram pouco caso” até a chegada do advogado dela.

Na delegacia, o caso foi registrado como fato atípico.

O sargento da PM que conduziu a ocorrência afirmou ao inspetor que “não foi relatado para o comunicante qualquer tipo de constrangimento ilegal, não foi relatado nenhum tipo de agressão física ou ameaça, não foi relatado nenhuma ofensa referente a cor, raça, etnia, crença ou qualquer outro tipo”.

Procurada, a Polícia Militar disse que uma equipe do 2º BPM (Botafogo) foi acionada para levar para a delegacia “as partes envolvidas em uma intercorrência num estabelecimento comercial no Largo do Machado”. No entanto, a corporação não explicou o motivo de os seguranças não terem sido conduzidos.

Já a Polícia Civil informou que a ocorrência foi registrada e que diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.

O Extra afirmou que repudia veementemente “quaisquer atitudes discriminatórias e tem o respeito e a inclusão como valores e compromissos inegociáveis”.

O posicionamento reforça que o episódio não está em conformidade com as políticas da rede e que um processo de apuração interna foi aberto.

“A rede se mantém à disposição da cliente e das autoridades para o apoio e esclarecimentos que forem necessários”, completa a nota.

Fonte: g1

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