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Cisjordânia: o que explica pior onda de violência entre Israel e palestinos em 20 anos

  • 4 julho 2023

Israel iniciou na segunda-feira (3/7), no campo de refugiados de Jenin, a maior operação militar na Cisjordânia nos últimos 20 anos, o que resultou na morte de pelo menos 12 palestinos e um soldado israelense, além de dezenas de feridos.

Após dois dias de conflitos, fontes afirmaram na noite de terça-feira (4) que Israel começou a se retirar do local.

Antes, centenas de soldados israelenses foram mobilizados, e combates forçaram a evacuação de ao menos 3 mil palestinos, segundo a organização humanitária Crescente Vermelho.

As tropas israelenses enfrentaram as Brigadas de Jenin, unidade formada por diferentes milícias palestinas, sediadas no campo de refugiados que fica no centro da cidade.

Nesse campo, pessoas vivem em condição de superlotação: há cerca de 14 mil moradores em menos de meio quilômetro quadrado, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês). O local se converteu num campo de batalhas.

Segundo o exército israelense, o objetivo foi destruir “infraestrutura terrorista” e desarmar as milícias.

Mas a correspondente da BBC em Jerusalém, Yolande Knell, alertou que “existe o risco de mais respostas palestinas, inclusive a partir de Gaza”.

Nesta terça-feira, um veículo atropelou sete pessoas na cidade israelense de Tel Aviv, ferindo gravemente três. O ataque foi classificado como “heróico” pela organização islâmica Hamas, que afirmou que a ação seria uma resposta à operação militar em Jenin.

O que desencadeou a operação militar em Jenin?

Nas últimas semanas, a violência aumentou no campo de refugiados.

Em 20 de junho, sete palestinos foram mortos em um ataque israelense a Jenin, no qual o Exército usou um helicóptero de combate.

No dia seguinte, dois militantes do Hamas mataram a tiros quatro israelenses em um posto de gasolina e em um restaurante perto do assentamento de Eli, 40 km ao sul de Jenin.

Após o ataque, centenas de colonos israelenses queimaram casas e carros na cidade vizinha de Turmusaya, onde um palestino foi morto a tiros.

Militantes palestinos com rostos cobertos e armas em punho
Legenda da foto,As tropas israelenses enfrentaram as Brigadas Jenin, unidade formada por várias milícias palestinas, incluindo o Hamas e a Jihad Islâmica

Pouco tempo depois, um drone israelense matou três militantes palestinos em Jenin, depois que eles supostamente realizaram disparos em um posto de controle militar perto da cidade.

A espiral de violência resultou nessa operação militar, a maior dos últimos anos na Cisjordânia.

Israel afirmou que os palestinos não eram um alvo, e sim “milícias financiadas pelo Irã”, como o Hamas e a Jihad Islâmica – e que o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, define como “organizações terroristas”.

Para o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, a operação foi “uma nova tentativa de destruir o campo e deslocar seu povo”.

“Os membros da linha dura do governo de direita de Israel têm pressionado há meses para que o Exército tomasse medidas enérgicas”, diz Paul Adams, correspondente de diplomacia da BBC.

Ele afirma, no entanto, que alguns dentro do exército israelense temem que os conflitos possam inflamar ainda mais uma situação já volátil.

Adams lembra que, no passado, ataques em larga escala foram realizados contra grupos militantes em Jenin e em outros lugares, mas acrescenta que essas operações “têm pouco efeito para resolver os problemas subjacentes e geralmente servem como gatilhos para mais violência”.

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