Economia

CNC revisa para baixo previsão de aumento nas vendas de Natal

Esta será a primeira alta real das comercializações desde o início da pandemia, mas o volume ainda ficará abaixo do registrado em 2019.

Com impacto de juros altos e do endividamento recorde, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reviu para baixo sua previsão para o aumento das vendas no Natal de 2022. A estimativa da entidade, que era de alta de 2,1%, agora foi reduzida a 1,2%.

Esta será a primeira alta real das vendas desde o início da pandemia, mas o volume ainda ficará abaixo do registrado em 2019. A expectativa é que o Natal de 2022 movimente R$ 65,01 bilhões em vendas, acima dos R$ 64,25 bilhões de 2021, mas abaixo dos R$ 67,55 bilhões de 2019.

Juros e endividamento em alta

Segundo o economista-sênior da CNC, Fabio Bentes, responsável pelas projeções, a revisão para baixo está associada ao comportamento da taxa de juros e ao comprometimento da renda da população.

“No caso dos juros, é o maior patamar em operações livres envolvendo pessoas físicas desde o primeiro trimestre de 2018, segundo o Bando Central, o que é um empecilho às vendas de bens de consumo duráveis. Além, claro, do endividamento, que está em patamar recorde”, afirma o economista-sênior da CNC, Fabio Bentes, responsável pelas projeções.

Os dados do Banco Central do Brasil (BC) mostram que o comprometimento da renda média atingiu 28,71%, o maior nível da série histórica, iniciada em 2005.

Por outro lado, a normalização do fluxo de consumidores nas lojas, ocorrida na virada do primeiro para o segundo semestre de 2022, sustenta a previsão de alta nas vendas neste Natal, em relação ao ano passado, segundo ele. O cenário é reforçado, ainda, pela melhoria do mercado de trabalho e pela desaceleração da inflação.

Impacto da curva da pandemia

As vendas de Natal vêm sendo prejudicadas desde o início da pandemia. Em 2020, caíram 2,8% em relação a 2019 (R$ 65,65 bilhões). Em 2021, houve mais uma vez recrudescimento da crise sanitária no fim do ano, já com avanço da variante ômicron perto do Natal. Com isso, houve nova queda de vendas, de 2,1% frente a 2021.

Na semana que antecedeu o Natal de 2020, o fluxo de consumidores nas lojas estava 28% abaixo do normal para essa época do ano. Em 2021, já havia mais gente nas lojas, mas o fluxo ainda se encontrava 8% abaixo do “normal”.

SP, MG e Rio devem responder por mais de metade da movimentação

Diante do contexto de juros e endividamento altos, a CNC acredita que o ramo de hiper e supermercados deverá ser o destaque nas vendas de Natal, com fatia de 38,6% (R$ 25,12 bilhões) do volume total de vendas. Em seguida, vêm os itens de vestuário, calçados e acessórios (33,9% do total ou R$ 22,03 bilhões) e as lojas especializadas na venda de artigos de usos pessoal e doméstico (12,6% ou R$ 8,19 bilhões).

Na análise regional, os Estados de São Paulo (R$ 22,19 bilhões), Minas Gerais (R$ 5,59 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 5,56 bilhões) devem responder por mais da metade (51,3%) da movimentação financeira prevista para o Natal 2022, segundo o IBGE. Já Distrito Federal e Rio Grande do Sul devem ser as unidades da federação com alta mais intensa das vendas, de 6,8% e 6,2%, respectivamente.

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