Política

Com mandato cassado, Dallagnol diz que vai receber do partido “Novo”, salário de R$ 41 mil

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR), que teve o mandato na Câmara cassado em maio deste ano, afirmou que vai receber do Novo um salário com o mesmo valor daquele de quando era parlamentar. Filiado ao partido desde o último sábado (30), o ex-procurador da Operação Lava Jato vai receber R$ 41 mil mensais.

Em entrevista a um podcast, o ex-procurador disse que atuará como “embaixador do Novo”, cuja função será convocar novos nomes para filiação ao partido.

“Vou ser remunerado pelo partido. Sempre fui remunerado por verba pública, como procurador da República e como deputado federal. A questão não é se vou ser remunerado por verba pública, e sim se vai ser feito um serviço com honestidade, com integridade e com um serviço pelo Brasil.”

O salário será proveniente do Fundo Partidário. Quando foi criado, em 2011, o Novo tinha a diretriz de não utilizar dinheiro público para suas atividades e propagandeava que esse era o diferencial em relação a outras siglas. Em fevereiro deste ano, a norma foi abandonada após o baixo desempenho da legenda nas últimas eleições.

Para recrutar o ex-procurador da Lava Jato, a executiva nacional do partido desconsiderou outra norma que estava no estatuto. O Novo proibia a admissão de brasileiros que “não estejam no pleno gozo dos direitos políticos”, que seria o caso do ex-deputado. A esposa de Deltan, Fernanda Dallagnol, também se filiou à sigla. Ela é cotada para disputar a Prefeitura de Curitiba nas eleições do próximo ano.

O que diz o partido

Procurado, o Novo informou que os dirigentes “que se dedicam de forma integral” e os funcionários do partido recebem salários de acordo com suas funções.

Mandato cassado

Dallagnol teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em maio. A decisão foi baseada na Lei da Ficha Limpa, que proíbe magistrados e membros do Ministério Público de se candidatarem caso tenham pedido de exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos administrativos disciplinares (PADs).

O TSE entendeu que o ex-coordenador da Lava Jato pediu exoneração do cargo de procurador da República para fugir de um julgamento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que poderia impedi-lo de concorrer às eleições de 2022. Assim, os ministros consideraram que ele “frustrou a aplicação da lei”.

Em junho, a defesa de Dallagnol pediu a suspensão da decisão do TSE que determinou a perda de mandato. “É que o acórdão embargado fez suposições, com base em um futuro incerto e não sabido, acerca do mérito dos procedimentos administrativos diversos, mediante a análise conjectural do que poderia ou não se tornar um processo administrativo disciplinar [PAD], do que seria ou não conduta grave”, alegou.

Em 2 de outubro de 2022, o então candidato Dallagnol foi eleito deputado federal pelo estado do Paraná, com mais de 344 mil votos. Ele teve a maior votação para o cargo no pleito e a segunda maior da história paranaense.

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