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Comando Vermelho: MP realiza operação para prender 92 ligados à facção no Centro-Oeste

Entre os presos estão advogados e policiais penais cooptados pela facção na tentativa de expandir sua atuação no controle das rotas de tráfico na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou a operação.

O Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MP-MS) cumpriu nesta sexta-feira, 5, 92 mandados de prisão preventiva e 38 de busca e apreensão em cinco Estados e no Distrito Federal contra integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Entre os presos estão advogados e policiais penais cooptados pela facção na tentativa de expandir sua atuação no controle das rotas de tráfico na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou a operação.

Conforme o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-MS, um trabalho de investigação de 15 meses revelou um plano da facção criminosa para se estruturar e se expandir no Estado e no Mato Grosso, assumindo importantes rotas do tráfico de drogas e de armas de fogo provenientes dos países vizinhos.

Atualmente, algumas dessas rotas são controladas pela facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Lideranças do CV presas na Penitenciária Estadual Gameleira II, unidade de segurança máxima, instalada em Campo Grande (MS), planejavam os crimes, como roubos, tráfico de drogas e comércio de armas, e repassavam as tarefas para os faccionados em liberdade.

A comunicação entre os presos e entre estes e os comparsas de fora se dava com o uso de celulares que ingressaram na unidade através dos policiais penais e, também, por meio dos advogados a serviço da facção – os chamados “gravatas” – que atuavam como “pombos-correios”, levando e trazendo as mensagens. A investigação detectou uma sequência de roubos, assaltos, homicídios e outros crimes que tiveram ligação com as ordens emanadas do presídio.

Foram cumpridos mandados em nove cidades do Mato Grosso do Sul e oito de Mato Grosso, além de Brasília, Rio de Janeiro, Goiânia (GO) e Paulo de Farias, no interior de São Paulo. Até o início da tarde, tinham sido presos seis advogados e 18 policiais penais ou agentes penitenciários, além de outros envolvidos. Foram apreendidos mais de 30 celulares, vários notebooks, além de armas, munições e até drogas.

A maioria dos detidos foi levada para uma unidade policial e pagou fiança para responder ao inquérito em liberdade. Em Campo Grande (MS), a polícia flagrou munição estrangeira, de uso restrito, na casa de um policial penal. Ainda na capital do MS, uma advogada de 24 anos foi presa, teve a casa alvo de buscas e o celular apreendido. Nos dois casos, houve pagamento de fiança.

No Rio de Janeiro, os agentes do Ministério Público do Rio cumpriram mandados em Copacabana, na zona sul, e na Barra da Tijuca, na zona oeste. Também foi alvo de buscas um escritório de advocacia no centro. Uma advogada criminal e um homem apontado como chefe do Comando Vermelho no Centro-Oeste foram presos. Dois advogados foram detidos em Mato Grosso, sendo um em Cuiabá e outro em Várzea Grande. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

A operação foi acompanhada pelas Comissões de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados das Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio de Janeiro. A OAB-MS informou que vai aplicar, em caráter de urgência, processos éticos disciplinares contra os profissionais que podem, em última instância, perder o direito de exercer a função.

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