Como limpar o nome sujo: veja dicas para negociar dívidas e reduzir juros
O Brasil bateu mais um recorde de famílias com contas atrasadas em outubro. Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), 30,3% das famílias estão inadimplentes. Em setembro, eram 30%. Em um ano, a fatia de inadimplentes aumentou em 4,7 pontos porcentuais, maior avanço nesse tipo de comparação anual desde março de 2016.
Em números absolutos, dados mais recentes da Serasa apontam que a inadimplência chegou à marca de 68,39 milhões de pessoas com o nome sujo, de acordo com o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas.
A soma de todas as dívidas passou de R$ 295 bilhões, um valor equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) do estado da Bahia. O valor médio da dívida de cada inadimplente está em R$ 4.324,42, quase três salários-mínimos.
Mas, como evitar cair em dívidas? O que pode ser feito para limpar o nome? Veja dicas para você colocar seu orçamento em dia o mais breve possível.
Como começar a negociação de dívidas.
Para Josilmar Cordenonssi, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a negociação de dívidas começa com o conceito básico de tomar as rédeas de seu orçamento.
É necessário fazer o seguinte:
*Saber o que você gasta mensalmente
*Reduzir o consumo não essencial, como restaurantes
*Preparar-se para gastos previsíveis e inesperados.
Depois disso, organize as informações em planilhas e defina o valor mensal que pode comprometer com o pagamento da dívida.
Se prepare para as ligações e transferências de ramal. É necessário preparar-se psicologicamente para este momento. Aguardar em linhas telefônicas, digitar ramais e ser transferido é algo que pode tirar alguém do sério.
Por isso, Allan Inácio, professor de finanças na PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), aconselha a blindagem emocional.
“A pessoa precisa ter tranquilidade e paciência para falar com o credor e estabelecer algum tipo de negociação das dívidas e dos juros. Sem isso, ela terá mais empecilhos no cumprimento de seu objetivo.”
Pechinche, mas saiba os limites. Após os passos anteriores, inicie a negociação. Allan Inácio recomenda começar procurando negociar o valor da dívida diretamente com o credor que concedeu o crédito e tente chegar a um valor aceitável para as duas partes.
“Muitas vezes as empresas repassam as dívidas para empresas recuperadoras. Não que isso seja ruim, mas em geral a chance de conseguir maiores descontos é menor”, afirma.
Uma dica é, durante a negociação, colocar em questão o financiamento para baixar os juros que já estão embutidos na dívida. “Quando alguém deixa de pagar uma dívida, naturalmente as empresas vão colocar juros, por isso é importante negociar ao máximo.”.
É melhor parcelar ou pagar a dívida à vista? Em qualquer opção, a regra é clara: corra dos juros. Se a taxa de juros embutida for maior do que a sua dívida, é melhor pagar à vista, mesmo que demore um pouco para juntar dinheiro diz Se os juros forem menores, é melhor pagar a prazo.
Allan Inácio diz para expor suas finanças ao credor. “Busque alternativas de pagamentos, seja honesto sobre sua situação para encontrar um meio-termo atrativo para ambos.”
Devo esperar a dívida ‘caducar’? Vale a pena deixar a dívida caducar, quer dizer, não pagar nada por cinco anos? Segundo os especialistas, o feito realmente faz com que o nome da pessoa saia de órgãos como SPC e Serasa. Porém, não existe milagre.
“Não é viável. A pessoa vai ficar anos com nome sujo e restrições. Além disso, a dívida só caduca para o sistema de crédito, não para o credor. Dependendo do credor, essa informação pode até se espalhar para outras empresas e acabar restringindo o crédito à pessoa em muitos lugares futuramente.” Allan Inácio
Josilmar Cordenonssi diz que, se a dívida for com uma instituição financeira, o registro fica permanentemente no Banco Central e dificilmente o devedor conseguirá obter financiamento (para moto, carro, apartamento) em algum outro banco.
Está sendo realizado até o final de novembro o Mutirão Nacional de Negociação de Dívidas e Orientação Financeira, criado para ajudar os consumidores a pagar seus débitos com bancos e instituições financeiras. As dívidas são renegociadas diretamente com os bancos ou pelo portal consumidor.gov.br, um serviço público e gratuito que conecta consumidores e empresas para a resolução de conflitos.
E depois da dívida negociada? Uma vez que esteja com a dívida negociada, é importante honrar os vencimentos. Isso porque atrasos podem dar fim aos acordos firmados, fazendo com que a pessoa tenha que reiniciar o processo de negociação. A empresa credora pode não ser tão “amigável” novamente.
“Não faça parcelas que não possa pagar”, orienta Allan Inácio.
E como funcionam os feirões para limpar o nome? A Serasa faz eventos em que ajuda inadimplentes a renegociarem suas dívidas e quitarem débitos. O Feirão Limpa Nome online segue aberto até 5 de dezembro.
Os consumidores também podem acessar os canais oficiais da Serasa para limpar o nome: site www.serasalimpanome.com.br, App Serasa no Google Play e App Store, ou ligando gratuitamente 0800 591 1222 ou WhatsApp 11 99575-2096.
Fonte: uol