Polícia

Corpo de ex-delegado-geral executado no litoral paulista é velado na Alesp, em SP

Corpo de Ruy Ferraz chega à Alesp, em São Paulo, para velório público com presença de autoridades. — Foto: Bervelin Albuquerque/g1

O corpo do ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista Ruy Ferraz Fontes, executado por crimonosos na Paria Grande, litoral de São Paulo, começou a ser velado na manhã desta terça-feira (16) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na capital.

Por volta das 7h30, o corpo deixou o Instituto Médico Legal (IML), no Centro da capital, no carro da funerária e chegou na Alesp às 11h10, onde será velado até as 15h. O velório público é acompanhado por amigos, familiares, políticos e autoridades do estado de São Paulo.

Entre os presentes está o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, deputados estaduais e federais, além do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), e vários integrantes do governo de São Paulo e da Polícia Civil.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, também compareceu às despedidas ao ex-delegado geral do estado.

O enterro está previsto para as 16h no Cemitério da Paz, no Morumbi. É esperada a presença de diversas autoridades, entre elas a do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

A investigação tem duas suspeitas principais para a motivação do crime:

  • Vingança em razão da atuação histórica de Ruy Fontes contra os chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
  • Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.

O governador Tarcísio de Freitas determiou mobilização total da polícia, com a criação de uma froça-tarefa para identificar os assassinos.

“Estou estarrecido. É muita ousadia. Uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado. O delegado Ruy percebeu que estava sendo atacado, tentou escapar da emboscada, mas foi covardemente assassinado”, afirmou o governador.

A força-tarefa, segundo Tarcísio, envolverá o Deic e o DHPP, principalmente. Ambos os departamentos contam com policiais que têm muitos informantes no crime organizado e que podem ajudar a elucidar a execução de Ruy.

O ex-delegado-geral atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e no combate ao PCC no estado.

Câmeras registraram execução

Câmeras de segurança gravaram o momento em que criminosos em um carro perseguem o veículo da vítima, que bate em um ônibus. Em seguida, o grupo desembarca do automóvel e atira em Ruy.

“Estou em choque, fui o último a falar com ele [por telefone]”, disse ao g1 Marcio Christino, ex-promotor que atuou no combate à facção e seus chefes, no início dos anos 2000, com Ruy, que à época era delegado no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista. Atualmente, Christino é procurador de Justiça.

Christino chegou a mencionar a atuação de Ruy como delegado contra o Primeiro Comando da Capital no livro “Laços de sangue: A história secreta do PCC”, que escreveu com o jornalista Claudio Tognolli. Foram mais de 40 anos como policial.

O ex-delegado-geral cpmandou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, quando foi indicado pelo então governador João Doria, à época no PSDB.

Ele também atuou no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc) e no Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).

“[Ruy] foi uma das pessoas que prenderam o Marcola ao longo da história do PCC, que esteve passo a passo nesse enfrentamento ao PCC, e ser executado dessa maneira. Isso mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado, a falta de controle que o crime organizado tem dentro do Brasil, dentro do estado de São Paulo. É uma ação extremamente ousada”, disse Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Formado em direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Ruy se tornou delegado depois e começou a investigar o PCC no início dos anos 2000.

Quando esteva no Deic, participou das prisões de alguns dos chefes da facção, incluindo Marcola, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes relacionados ao grupo criminoso.

Em 2006, ele e sua equipe de policiais indiciaram Marcola e a cúpula do Primeiro Comando da Capital.

Segundo Christino, ele, Ruy e todas as autoridades, sejam elas do MP ou da polícia que atuaram no combate à facção, já foram ameaçadas antes pelo PCC. “Ele [Ruy], eu e todos que trabalharam naqueles casos, inclusive nos ataques de 2006.”

Em 2006, ordens do PCC de dentro das cadeias determinaram uma série de ataques contra agentes de segurança pública devido à decisão do governo paulista de transferir as lideranças da facção, incluindo Marcola, para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do estado.

Indagado se Ruy lhe contou se estava recebendo ameaças recentemente, Christino respondeu que “não”.

Fonte: g1

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