DNA de 2 PMs e roupas usadas no assassinato de Gritzbach, são encontradas no carro utilizado para execução

Foto: Divulgação
A Polícia Científica de São Paulo, concluiu nesta quarta-feira (26) que o material biológico recolhido no carro e em roupas usadas pelos assassinos do delator do PCC Vinícius Gritzbach, executado no ano passado, é compatível com o material genético de dois dos três PMs presos por suspeita de participação direta no crime.
De acordo com o laudo, havia material genético do soldado Ruan Silva Rodrigues em um boné e na maçaneta traseira direita do carro. Em um moletom e em luvas abandonadas durante a fuga, os peritos encontraram DNA do cabo Denis Martins.
Nos últimos dias, peritos voltaram a analisar os objetos apreendidos depois da morte de Gritzbach. Com a ajuda de luzes forenses, conseguiram novas evidências, fundamentais para colocar os PMs na cena do crime.
A defesa do PMs afirma que não se trata de DNA de seus clientes “porque os policiais não estiveram na cena do crime, não entraram no carro e nem usaram as roupas periciadas”. Os advogados afirmam que a inocência dos policiais será demonstrada no processo judicial.
Os peritos não localizam material genético do tenente Fernando Genauro, apontado pelos investigadores como o motorista do carro usado pelos assassinos.
No total, 32 pessoas estão presas por suposto envolvimento com a execução de Gritzbach no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
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Material periciado pela Polícia Científica no caso do assassinato de Vinícius Gritzbach, delator do PCC — Foto: Divulgação
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Material periciado pela Polícia Científica no caso do assassinato de Vinícius Gritzbach, delator do PCC — Foto: Divulgação.

Material periciado pela Polícia Científica no caso do assassinato de Vinícius Gritzbach, delator do PCC — Foto: Divulgação
Denúncia
Na sexta-feira (21), o Ministério Público de São Paulo (MP) denunciou 12 pessoas, sendo oito policiais civis, por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e diversos outros crimes.
Segundo a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os acusados atuavam em conluio com o Primeiro Comando da Capital (PCC), usando a estrutura do Estado para favorecer a facção criminosa.
Além da denúncia, o MP pediu que os acusados paguem ao menos R$ 40 milhões em razão do “dano causado pelos crimes cometidos, bem como ao ressarcimento por dano moral coletivo e dano social”.
O documento aponta a existência de um esquema criminoso envolvendo policiais civis e empresários que usavam a estrutura do Estado para obter vantagens ilícitas. Segundo o MP, delegados e investigadores se uniram a criminosos para transformar órgãos como a Polícia Civil em instrumento de enriquecimento ilícito e proteção ao crime organizado.
De acordo com o MP, o esquema consistia em uma “relação simbiótica” entre os agentes públicos e “empresários do crime”:
Enquanto os policiais garantiam a impunidade de criminosos e desviavam investigações, os “particulares” enriqueciam com atividades ilegais.
A atuação do esquema na organização criminosa não se limitava a corrupção e lavagem de dinheiro. Os envolvidos também praticavam tráfico de drogas, homicídios e sequestros. Um dos exemplos citados na denúncia é o assassinato do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, morto a tiros em plena luz do dia no Aeroporto de Guarulhos, colocando a vida de milhares de pessoas em risco.
Segundo o documento, Vinicius Gritzbach delatou alguns dos denunciados.
Agora, a Justiça de São Paulo deve decidir se aceita ou não a denúncia do Ministério Público contra os acusados para o prosseguimento das investigações.
Denunciados pelo Ministério Público
- Ademir Pereira de Andrade
- Ahmed Hassan Saleh
- Eduardo Lopes Monteiro (investigador da Polícia Civil)
- Fabio Baena Martin (delegado da Polícia Civil)
- Marcelo Marques de Souza (investigador da Polícia Civil)
- Marcelo Roberto Ruggieri (investigador da Polícia Civil)
- Robinson Granger de Moura
- Rogerio de Almeida Felicio (policial civil)
- Alberto Pereira Matheus Junior (delegado da Polícia Civil)
- Danielle Bezerra dos Santos
- Valdenir Paulo de Almeida (policial civil)
- Valmir Pinheiro (policial civil)
A TV Globo procurou os citados na denúncia do MP, mas não conseguiu contato até a última atualização desta reportagem.
Execução no Aeroporto Internacional de SP
Vinicius Gritzbach foi morto em 8 de novembro, quando estava no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
O empresário do ramo imobiliário era investigado por lavar dinheiro do PCC e havia feito um acordo de delação premiada com o Ministério Público para não ser condenado por associação criminosa. Responderia somente pela corrupção.
Em troca, Gritzbach revelou os nomes das pessoas ligadas à facção criminosa e à polícia que extorquiram dinheiro dele. Essa investigação está sendo feita pela Polícia Federal (PF).
A apuração sobre o assassinato do empresário é conduzida pela Polícia Civil, especificamente pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Emilio Carlos Gongorra Castilho, conhecido como “Cigarreira”, é apontado pela polícia como o principal mandante do assassinato de Vinicius Gritzbach.
A Justiça decretou a prisão preventiva de “Cigarreira” a pedido da polícia e do Ministério Público (MP), e ele é considerado foragido pelas autoridades. Segundo a investigação do DHPP e da Promotoria, Emilio contratou policiais para executarem a tiros Gritzbach.
Um motorista de aplicativo que estava dentro do aeroporto foi atingido por acaso por uma bala perdida e também morreu. Câmaras de segurança gravaram o crime.
fonte: g1