Polícia

Dois PMs que atuaram na Rota são suspeitos de vazar informações sobre operações para o PCC

A Corregedoria e o Centro de Inteligência da Polícia Militar (CIPM) investigam pelo menos dois policiais militares sob a suspeita de vazamento de informações sobre investigações para membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Essa apuração é parte de uma investigação mais ampla que tem por foco o esclarecimento do assassinato de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC e de policiais corruptos.

os policiais são dois praças da ativa. Eles são alvos de um Inquérito Policial Militar (IPM) e trabalhavam, entre 2021 e 2022, na Agência de Inteligência das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), espécie de tropa de elite da Polícia Militar paulista.

O suposto vazamento de informações para o PCC se deu na época de uma guerra interna entre membros da facção decorrente do assassinato do narcotraficante Anselmo Bicheli Santa Fausta, o Cara Preta, figura influente da organização criminosa, e seu motorista, no fim de 2021, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo.

O delator Vinicius Gritzbach era réu sob a acusação de ter sido mandante desse duplo homicídio. Ele negava participação no crime.

Os dois policiais eram subordinados do capitão Rafael Alves Mendonça exonerado nesta quarta-feira pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), da Assessoria Militar do Gabinete do prefeito e responsável por cuidar da segurança do mandatário da cidade e de sua família.

O capitão também é investigado por supostamente participar dessa rede de informantes da facção criminosa dentro da corporação, mas até agora os investidores não encontraram evidências da participação dele nesse vazamento. Ele não está preso.

Para os investigadores, os indícios contra os subordinados do capitão afastados são mais fortes. Um deles já está preso.

Em nota, a Corregedoria da Polícia Militar informou que “apura rigorosamente as denúncias de envolvimento de integrantes da corporação com o crime organizado. Até o momento, 17 policiais já foram detidos e as investigações prosseguem no âmbito da força-tarefa criada pela SSP para investigar os fatos. Mais detalhes serão preservados para não atrapalhar as apurações. A PM reforça seu compromisso com a legalidade e destaca que nenhum desvio de conduta será tolerado”.

Caso Vinícius Gritzbach

No total, desde o início do ano a Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo já prendeu 17 policiais suspeitos de envolvimento na morte do empresário Vinícius Gritzbach, delator do PCC. Na quinta (30). a Corregedoria indiciou 117 policiais militares.

Gritzbach foi executado em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Um dos presos, o PM da ativa Denis Antonio Martins, é apontado como a pessoa que fez os disparos contra Gritzbach. Além de Denis, os outros 14 presos eram do núcleo de segurança pessoal do delator e faziam a escolta privada dele.

O capitão Raphael Alves Mendonça não faz parte dessa investigação do delator, mas de um outro desdobramento do vazamento de informações sigilosas.

A investigação da Corregedoria contra esses policiais começou após a chegada de uma denúncia anônima, em março de 2024, sobre vazamentos de informações sigilosas que favoreciam criminosos ligados à facção. O objetivo era evitar prisões e prejuízos financeiros do grupo criminoso.

Segundo a Corregedoria, informações estratégicas eram vazadas e vendidas por policiais militares da ativa e da reserva.

Um dos beneficiados era Gritzbach, que usava PMs em sua escolta privada, caracterizando a integração de agentes à organização criminosa.

Esse inquérito inicial de vazamento de informações é justamente o que levou a Corregedoria ao capitão da Rota Raphael Alves Mendonça, exonerado do cargo na Prefeitura de São Paulo.

fonte: g1

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