Em nome de Diego: torcida “divina” de Maradona embala renascimento da Argentina no Catar
Um dia depois da data de dois anos de morte de Maradona, Messi decide em um Lusail emoldurado por bandeiras, homenagens e música para o ídolo: “Lá do céu podemos ver que torce por Lionel”.
A relação é muito maior do que de idolatria. E uma devoção irrestrita e incomparável no futebol mundial.
Não há povo no mundo que reverencie um jogador como os argentinos reverenciam Diego Armando Maradona. E toda aura que cerca essa união deixava a sensação no ar: não é possível que a Argentina vai ser eliminada da Copa do Mundo justamente um dia após a data de dois anos da morte de Diego. Não foi!
O brilho de Messi no 2 a 0 diante do México foi emoldurado por bandeiras que decoraram o Lusail com a face de Maradona. Era como se os argentinos pedissem benção mesmo para um time que teve atuação sofrível na primeira rodada, protagonizou a vexatória derrota para Arábia Saudita e voltaria para casa mais cedo em caso de derrota. Não por acaso, o primeiro grito que se ouviu do lado azul e branco foi “olê, olê, olê, olê, Diego! Diego!”.
“Que sigam confiando. A união que teve depois da derrota. Sabíamos que seria dessa maneira. Esse grupo vem demonstrando há tempos que está preparado para brigar”
– Necessitamos do apoio como foi hoje. Não poderíamos descartar tudo por um jogo, quando estamos unidos podemos fazer coisas lindas como foi hoje – disse Messi, que fez questão de elogiar a postura da “hinchada”.
A primeira Copa do Mundo sem aquele Maradona ensandecido nas arquibancadas é também a última chance de Lionel Messi alcançar a glória que falta como seu sucessor. O protagonismo diante dos mexicanos esteve longe do carimbo de um Maradona de 1986, mas é inegável que Leo colocou a partida nas suas costas. E isso vai muito além do gol do alívio em chute rasteirinho no canto esquerdo de Ochoa.
Messi abriu seu campo em relação ao jogo apagado contra a Arábia Saudita. Na estreia, parecia ter loteado um quadrado na intermediaria pelo lado direito e pouco saiu dali. Dessa vez, passeou de um lado para o outro, voltou a arriscar as arrancadas partindo da linha lateral para dentro, e teve em Di María o sócio que tanto faz falta na maioria das vezes.
O camisa 11, por sinal, foi outro que fez questão de dividir o protagonismo da vitória sobre o México com torcedores que aumentaram os decibéis dos cantos após a derrota para a Arábia:
“O torcedor é incrível. O “bandeiraço” que estão fazendo, as mensagens que recebemos. Depois do primeiro jogo que perdemos, parecia que tínhamos vencido”
– Só palavras de agradecimento pelo apoio, por hoje e por tudo. Queremos seguir por este caminho.
Mais do que a última danca no Catar, Messi joga sob os olhares divinos de Maradona, Don Diego e Tota, seus pais. Pelo menos é o que cantam os argentinos diariamente pelas ruas de Doha. Concentrados no Souq Waqif, mercado popular da capital, a música composta para o Mundial diz que o choro das derrotas do passado deu lugar à esperança após o título da Copa América no Maracanã.
Os versos finais, no entanto, remetem ao ídolo máximo. “Diego no céu pode nos ver acompanhado de Don Diego e de Tota para torcer por Lionel”.
Cantoria que soa quase que como uma oração. Sem Maradona, a os argentinos sabem que não terão também mais Messi a partir de 2026. É a Copa para ter fé!
Fonte: ge