Embaixador pede desculpas à família do jornalista inglês por erro sobre os corpos
Representante diplomático repassou informação equivocada de que os desaparecidos no AM tinham sido encontrados sem vida
O embaixador do Brasil no Reino Unido, Fred Arruda, pediu desculpas à família do jornalista Dom Philips após a embaixada ter afirmado que o corpo dele e o do indigenista Bruno Araújo haviam sido encontrados na Amazônia. A informação foi desmentida pouco depois pela Polícia Federal. Os dois profissionais seguem desaparecidos desde o dia 5 deste mês.
Embaixador do Brasil no Reino Unido, Fred Arruda
De acordo com o jornal The Guardian, Fred enviou à família de Phillips uma mensagem em que se desculpava. O irmão e a cunhada do jornalista receberam de um funcionário da embaixada um telefonema com a informação de que os corpos dos profissionais tinham sido encontrados e estavam amarrados em uma árvore.
A informação gerou comoção entre os familiares e amigos dos desaparecidos e turbulência no meio político no Brasil. “Lamentamos profundamente que a embaixada tenha passado à família ontem informações que não se mostraram corretas”, disse Arruda, na mensagem publicada pelo Guardian.
No texto, ele alegou que a “equipe multiagências”, criada para acompanhar os desaparecimentos, havia se confundido com informações repassadas pelos “investigadores”. O embaixador destacou que as buscas vão continuar sem medir esforços.
Dom e Bruno desapareceram na região do Vale do Javari, próximo da cidade de Atalaia do Norte. As buscas envolvem a Polícia Federal, indígenas, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e integrantes das Forças Armadas. Até agora, foram encontrados pertences deles, assim como material orgânico humano, que passa por avaliação genética.
Sumiço pode ter relação com tráfico na região, principalmente com cocaína vinda do Peru, segundo fonte da corporação
A Polícia Federal investiga a ligação de um traficante internacional com o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia, segundo fonte da corporação. Após dois suspeitos terem sido presos, os policiais apuram a participação de, pelo menos, mais duas pessoas. Uma delas, que seria o mandante, é um traficante de cocaína, com forte atuação na rota entre Brasil e Peru. O governo peruano está colaborando com a investigação, de acordo com a fonte.
Com o primeiro detido, Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como “Pelado”, uma arma de fogo de uso restrito e uma pequena porção da droga foram encontradas. Nesta terça-feira (14), também foi preso Oseney da Costa de Oliveira, chamado de “dos Santos”.
A região do desaparecimento está dentro de área pertencente à rota da cocaína da fronteira entre Brasil e Peru. Dom Phillips e Bruno Pereira não são vistos desde 5 de junho, quando sumiram na região da Terra Indígena do Vale do Javari.
No depoimento de Pelado, o suspeito afirmou que é pescador há 30 anos, que conhecia Bruno Pereira de vista e que, no dia do desaparecimento, o viu passando de barco, mas não saiu de casa. Conforme apontam outras falas colhidas pela investigação, porém, Pelado e dos Santos estariam no local do desaparecimento.
O Vale do Javari é uma localidade com atuação intensa de narcotraficantes, garimpeiros ilegais e madeireiros que tentam expulsar povos tradicionais da região.
O servidor da Funai, que está licenciado de suas funções na fundação, é alvo de ameaças constantes por parte de garimpeiros e madeireiros na região. Segundo a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Bruno foi intimidado dias antes da viagem.
Fonte:R7