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Entenda por que Finlândia e Suécia mantinham neutralidade e agora querem entrar na Otan

Países eram neutros por questões geográficas e culturais, mas devem abandonar modelo caso ingressem a aliança militar ocidental. Rússia promete fortes retaliações.

No início deste ano, tanques do Exército sueco começaram a patrulhar a pacata ilha de Gotland, até então um destino turístico alternativo para suecos no mar Báltico. A movimentação respondia a atividades militares da Rússia crescentes na região.

Era um dos primeiros sinais de que os países escandinavos estavam prestes a abandonar a neutralidade que historicamente adotavam em conflitos mundiais, com o principal objetivo de proteger seu próprio território de uma potencial ameaça russa.

Avião militar e tanques da Suécia na ilha de Gotland, destino turístico do país onde o governo anunciou aumento da presença do Exército por conta de ameaças da Rússia no mar Báltico — Foto: Associated Press

Avião militar e tanques da Suécia na ilha de Gotland, destino turístico do país onde o governo anunciou aumento da presença do Exército por conta de ameaças da Rússia no mar Báltico — Foto: Associated Press

Este é um dos principais reajustes da geopolítica mundial como efeitos indiretos da guerra da Ucrânia. Nesta quinta-feira (12), a Finlândia formalizou a intenção de solicitar “o quanto antes” o ingresso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental que o Kremlin considera seu principal inimigo atualmente.

Os dois países se mantiveram neutros durante décadas, embora por motivações diferentes.

A  Suécia mantinha a neutralidade por questões culturais. O país era um dos mais antigos a ter esse modelo, que adotou depois da 1ª Guerra Mundial e, embora formalmente tenha abdicado da neutralidade quando ingressou para a União Europeia, em 1995, o governo sueco já rejeitou propostas de integrar a Otan e seguia sem intervir em conflitos.

Fronteira entre Rússia e Finlândia tem mais de 1,3 mil km de extensão  — Foto: Arte g1

Já para a Finlândia, ser um país neutro estava relacionado à sua posição geográfica. O país teme uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, e, desde a escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia, no fim do ano passado, teme estar desprotegida caso Moscou decida aplicar retaliações ao Ocidente.

A população, que sempre se posicionava em maioria a favor da neutralidade, começa a mostrar apoio ao ingresso da Finlândia na Otan. Segundo ao pesquisa recente, 76% dos moradores apoiam uma adesão à aliança militar.  

“Acho uma ótima notícia. Estávamos realmente esperando para que essa entrada na Otan acontecesse há tempo e estamos muito felizes. Isso vai trazer mais segurança para a Finlândia contra agressões da Rússia, e também mostra à Rússia que a Finlândia pode tomar uma decisão sem a interferência deles”, afirmou Niko Ohvo, morador da capital finlandesa.

A primeira-ministra da Suécia, Andersson, se reúne com a primeira-ministra da Finlândia, Marin, em Estocolmo em foto de 13 de abril de 2022 — Foto: Paul Wennerholm/TT News Agency/via Reuters

A primeira-ministra da Suécia, Andersson, se reúne com a primeira-ministra da Finlândia, Marin, em Estocolmo em foto de 13 de abril de 2022 — Foto: Paul Wennerholm/TT News Agency/via Reuters

Em meados de abril, as primeiras-ministras da Finlândia, Sanna Marin, e da Suécia, Magdalena Andersson, anunciaram juntas que debateriam em seus Parlamentos a intenção de ingressar na Otan, o que deve acontecer até meados de maio. A possibilidade, cada vez mais concreta, provocou a ira do governo russo, que faz ameaças veladas aos dois Países.

Também nesta quinta-feira (12), os governos dos Estados Unidos, da Alemanha e da França disseram apoiar a candidatura da Finlândia e da Suécia à Otan e afirmaram que se esforçarão para facilitar a entrada de ambos o mais rápido possível. Dessa maneira, caso a Rússia ataque território dos dois países, a Otan pode revidar a agressão.

“Falei ao telefone com o presidente da Finlândia e o assegurei apoio total do governo alemão à entrada na Otan”, declarou o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz.

Fonte: G1

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