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Entrevista Exclusiva: Luh Farias recorre à justiça para desmistificar o título de “Dama do tráfico”

Ao Jornal Universo Online, Luh Farias Ativista de Direitos fundamentais e humanos, conta que já recorreu à justiça para desmistificar o título de “Dama do tráfico” que a mídia lhe impôs

“Antes dessa notícia ser veiculada pelos jornais, o Ministro Flávio Dino (PSB) e o Presidente Lula (PT)  sequer sabiam de minha existência!”

Presidente do Instituto Liberdade do Amazonas, diz que foi humilhada, prejudicada e massacrada pela opinião pública com a série de matérias veiculadas por diferentes meios de comunicação a colocando como elo entre o crime organizado e representantes do Ministério da Justiça. E afirma que foi usada como ponta de lança para atacar o governo.

O Jornal Universo Online (JUO), ouviu com exclusividade, a ativista de Direitos Fundamentais e Humanos, Luciane Barbosa Farias ou simplesmente Luh Farias, como costuma e gosta de ser chamada.

A presidente da organização de segundo setor (Osc) Associação Instituto Liberdade do Amazonas, tem 37 anos, é mãe de duas meninas (17 e 9 anos de idade), e é casada há 22 anos com Clemilson dos Santos Farias,  conhecido como Tio Patinhas.

Clemilson cumpre pena em regime fechado em um presídio de Manaus, desde dezembro de 2022. Ele é acusado de ser um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelhono Amazonas.

Foi condenado a 31 anos e sete meses de prisão por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Já Luciane que nunca foi presa na vida,  e sempre viveu nos bastidores da história do marido, se viu do dia pra noite, nacionalmente conhecida, ao ser intitulada pela mídia brasileira, como a “Dama do tráfico”.

Teve sua vida revirada de forma negativa, de mãe de família e defensora dos direitos de apenados, hoje ela sofre com as consequências da série de matérias veiculadas, de diferentes veículos de comunicação, a colocando como elo entre o crime organizado e representantes do Ministério da Justiça.

Na entrevista que segue, ela relata e enumera os prejuízos do papel que lhe foi incumbido, sem ela ter escolhido ou se preparado para ser a protagonista principal.

Afinal a mídia tem esse poder, de construir ou destruir a imagem de alguém, como e quando lhe convém , levando-se em conta somente as cifras milionárias que envolvem a publicação dos fatos. Sejam eles verdadeiros, falsos ou um mero personagem criado pela incrível fábrica de notícias.

(JUO) Qual sua profissão?

Atualmente sou presidente de uma organização de segundo setor (Osc): Associação Instituto Liberdade do Amazonas.

(JUO) Porque você ganhou o apelido de a “Dama do tráfico”?

Porque o jornalista André Shalders do jornal Estadão, que escreveu a primeira matéria achou “peculiar” usar essa alcunha que ouviu de uma suposta fonte e porque é claro, uma notícia com o título “Dama do tráfico Amazonense” renderia mais cliques.

(JUO) Já usou drogas ou usa?

Nunca usei nenhum tipo de drogas.

(JUO) Você realmente é casada com um dos chefes do Comando Vermelho?

Não! Sou casada há 22 anos com o pai das minhas filhas,  Clemilson dos Santos Farias, o qual cometeu erros no passado e está pagando por isso. Sua pena não é perpétua e um dia ele irá sair para construir uma nova história.

Quando ele foi absolvido e foi solto por força de alvará, ele continuou na cidade e todos os domingos íamos à igreja. Mesmo com o “status” de foragido, continuávamos indo para a igreja e buscando a Deus, tanto é que ele foi preso dentro da igreja no dia 11/12/2022. Para quem tem um mínimo de honestidade intelectual, consegue inferir que isso não é o comportamento adotado por alguém que quer continuar no erro e sim de quem está buscando virar a página e seguir sua vida ao lado de sua família.

(JUO) Vc quer desmistificar esse apelido e os julgamentos da imprensa?

Já desmistifiquei e a justiça irá reforçar isso. Nunca havia sido chamada por essa alcunha na vida e sim por Luh Farias por amigos, e pela imprensa de Luciane Farias, Presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas.

(JUO) Qual sua ligação com o Flávio Dino ou o governo Lula?

Nenhuma. Antes dessa notícia ser veiculada pelos jornais, o Ministro Flávio Dino (PSB) e o Presidente Lula (PT) nem sabiam de minha existência!

(JUO) Como você gostaria de ser conhecida?

Como Luh Farias, ativista de direitos fundamentais e humanos.

(JUO) Como você se sente com tudo isso?

Me sinto, humilhada, prejudicada, injustiçada, entre uma série de outros adjetivos que poderiam ser usados para descrever o quê e como estou me sentindo. Não é fácil ser massacrada pela opinião pública e ver enxurrada de matérias me colocando como elo entre o crime organizado e representantes do Ministério da Justiça. Fui usada como ponta de lança para atacar o governo. A matéria causou para o governo um desgaste temporário, pois a notícia bombástica foi logo desmascarada por alguns jornalistas sérios. Já para mim, não tive tanta sorte, pois temo pela minha segurança diante de tantos extremistas cheios de ódio. Ademais, sofri na pele – a nível nacional – a descriminação de ser parente de um detento. Vi jornalistas dizendo que o termo era adequado para uma esposa de preso, imagina se todos os parentes de preso recebessem uma alcunha conforme o grau de parentesco? Seria um absurdo, né? porém foi o que aconteceu comigo. Fui dormir Luh Farias (como sou conhecida) e acordei (“Dama do tráfico”), confio na justiça e tenho fé em Deus que os culpados vão ser responsabilizados.

(JUO) Vocês têm filhos?

Sim.  2 filhas!

Que idade?

Uma mocinha de 16 anos e uma criança de 9 anos.

O que eles acham e dizem sobre tudo isso ?

A mocinha está sob efeito das medicações que faz uso.

A menorzinha está bem abalada, chora e está com crises de ansiedade.

As duas estão fazendo acompanhamento com psicólogo para superar esse trauma!

(JUO) Você acredita no processo de ressocialização?

Acredito na ressocialização, embora, na prática, o processo atualmente exista apenas teoricamente. Poucos têm a oportunidade real de se ressocializar devido a um sistema falho que reintegra os indivíduos na sociedade sem fornecer meios dignos para sua regeneração. Isso resulta em uma alta taxa de reincidência entre ex-presidiários, que são lançados em um mar de preconceitos, muitas vezes provenientes da falta de oportunidades educacionais. Em minha perspectiva, não podemos exigir de uma pessoa algo que ela nunca teve, especialmente considerando que a maioria da população carcerária está em situação de vulnerabilidade social, privada de oportunidades e de educação adequada.

(JUO) Para finalizarmos fale um pouco do verdadeiro trabalho que você desenvolve

Minha dedicação vai além da busca por justiça para os presos condenados; estende-se a todos os reclusos que carecem de assistência. Frequentemente, familiares dessas pessoas buscam nossa ajuda para lidar com a privação de liberdade de seus entes queridos. Em relação a essas famílias, nossa organização oferece suporte jurídico e social.

Além disso, realizamos cursos profissionalizantes breves para capacitar aqueles menos favorecidos, proporcionando-lhes meios para conquistar um emprego digno e cuidar de suas famílias.

No que diz respeito aos egressos do sistema prisional, fornecemos assistência para facilitar sua reintegração à sociedade. Muitos deles saem do sistema carcerário sem perspectivas de vida. Nossa assistente social realiza uma anamnese para avaliar suas experiências profissionais, cursos realizados, nível de educação e estado da documentação. Quando necessário, encaminhamos essas pessoas para oportunidades de emprego por meio de parcerias estabelecidas.

Por: Suely Carvalho

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