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Ex-alunas denunciam professor de química por assédio moral e sexual dentro da UEG

Vítimas contaram que assédios eram explícitos, com encoxadas, passadas de mãos no rosto sem autorização e até pedidos para ingestão de bebidas alcoólicas para que elas ficassem “doidinhas”.

Ex-alunas do curso de química industrial da Universidade Estadual de Goiás (UEG) denunciam um professor, de 58 anos, por assédio sexual e moral dentro do campus Henrique Santillo, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. De acordo com as vítimas, elas estudaram no local entre 2008 e 2010 e que o professor utilizava da sua posição para investir sexualmente contra as alunas. O caso veio à tona após uma aluna atual denunciar, em junho deste ano, junto à universidade, ter sido vítima. Após isso, a Polícia Civil passou a apurar o caso.

Por meio de nota, a defesa do professor, representada pelo advogado Wilson de Oliveira Araújo, disse que ele nega veementemente as acusações “mentirosas” que tentam “macular a honra do acusado perante a opinião pública.

Ainda de acordo com a nota, as denúncias teriam sido feitas movidas por rancor “por não terem sido aprovadas ou terem se sentido prejudicadas nas matérias que cursaram com o professor enquanto eram alunas dele, o que se deu, evidentemente, por pura falta de capacidade delas.” A defesa disse ainda que tomará medidas judiciais cabíveis.

Quatro ex-alunas que pegaram a disciplina, que era ministrada pelo suspeito. Segundo as ex-estudantes, os assédios não tinham hora, lugar e eram explícitos, inclusive, na frente de outros alunos e até mesmo professores.

Várias delas saíram da universidade e terminaram o curso em outras instituições de ensino superior. Outras desistiram de vez do curso, como é o caso de uma mulher de 32 anos. Ela iniciou química industrial no segundo semestre de 2009.

Segundo ela, logo nos primeiros dias do curso, ele entrou dentro da sala de outro professor para se apresentar e disse que os alunos que estavam ali não seriam aprovados caso não “se esforçassem muito”.

Em outro momento, segundo ela, o professor fazia abordagem por trás das meninas, passando a mão no cabelo delas sem autorização e até dava beijo no pescoço. Tudo sem consentimento. A mulher conta que, com o passar do tempo, os assédios ficaram mais escancarados.

“Eu saía de perto e ficava de frente para ele não ficar atrás de mim. Inúmeras vezes eu vi ele encurralando alunas na sala de aula com os braços quando a turma saía, ele fechava a porta do laboratório para ficar a sós com alunas dentro do espaço. Uma vez ele perguntou para mim se eu queria ir na casa dele para tomar um vinho e chegou questionar para uma amiga minha e eu se a gente toparia fazer menáge com ele”, relata a mulher.

Em um tempo onde falar sobre o assédio não era algo presente na vida dessas mulheres, a vítima conta que tentava ignorar aquela situação por achar que era apenas uma “brincadeira” e até mesmo com medo de sofrer algum tipo de retaliação.

Por causa disso, ela conta que decidiu abandonar o curso. O trauma dos assédios que sofreu foi tamanho que fez com que ela não gostasse sequer de passar em frente à um laboratório de química. Por isso, ela decidiu fazer uma transição de carreira, partindo, deste modo, para gastronomia.

“Eu odeio química! Eu odeio! Eu odeio laboratório. Eu não gosto de passar perto de um laboratório mais. E era uma das minhas matérias preferidas no ensino médio. Além da sombra de ter sido vítima e não ter percebido a tempo”, pontua.

Encoxada no laboratório

Outra mulher, hoje com 32 anos, conta que entrou na faculdade com 17 e, ao entrar na faculdade, já foi orientada por alunas veteranas sobre o que acontecia dentro da UEG. Ela conta que foi monitora no laboratório de química, pois estava desenvolvendo um experimento no local. Ela conta que, a partir daí, ela passou a sofrer investidas sexuais do professor e também assédio moral.

“Quando eu fui fazer a segunda prova para compor a minha nota 1, porque a avaliação na UEG consiste em nota 1 e nota 2, ele me fez buscar suco para ele duas vezes e disse que eu não iria conseguir passar na matéria dele, que não adiantava eu fazer a prova, que eu não iria ser aprovada porque iria tirar nota ruim. Mas sempre que ele se aproximava da gente, ele falava que a gente não conseguia passar na matéria dele porque éramos ‘limitadas’”, destaca.

Segundo essa ex-aluna, o professor chegava para ela e dizia que queria que, junto com ele, utilizasse lança-perfume – popularmente conhecido como “loló” – já que ele queria que ela ficasse “doidinha”. A mulher também conta que o professor a encoxava e a convidava para tomar vinho. As investidas, segundo ela, eram mascaradas como ‘brincadeiras’. “No laboratório, ele me encoxava e eu odiava isso. Eu nem ficava no laboratório quando ele estava lá”, conta.

Assédios sutis, mas testemunha de vários outros

Outra ex-estudante diz acreditar que, por ser menor de idade na época que entrou na faculdade, as investidas do professor acontecem de maneiras sutis, mas que ela presenciou outras colegas serem assediadas por ele de forma mais explícita. Ela afirma que, em um dos episódios, ela e outra amiga estavam na sala de coordenação do curso e que ele forçou um beijo da garota. A jovem conseguiu se desvencilhar dele.

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