Falsos intermediários deram prejuízo de quase R$ 2 milhões, com falsos anúncios de vendas de veículos em todo país

Foto: Reprodução/Polícia Civil
A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), via Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (Gref), com apoio das Polícias Civis dos estados de Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo, e da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência, por intermédio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab/Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, deflagrou nesta quinta-feira (22) a Operação Broker Phantom. A ação visa desarticular uma organização criminosa com atuação nacional, especializada na prática de estelionatos e lavagem de dinheiro.
Cerca de 400 policiais civis foram mobilizados para cumprir 157 medidas cautelares, entre elas: 59 mandados de prisão temporária, 18 de prisão preventiva, 78 mandados de busca e apreensão, além de ordens de quebra de sigilo telemático e telefônico e sequestro de bens no valor de R$ 2 milhões.
Suspeitos de aplicarem o golpe em vendas online chegaram a causar prejuízo de R$ 1,8 milhão, de acordo com o delegado Murilo Freire. O golpe é conhecido pela polícia como “falso intermediário”, em que tanto o comprado quando o vendedor são vítimas do esquema.
“Eles enganam tanto o vendedor quanto o comprador, convencendo os dois a se encontrarem para avaliar o produto e os convencendo não discutirem valores, enquanto ele [o golpista] atua como um intermediário”, afirmou o delegado.
“Representamos pela medida cautelar também de sequestro de bens e valores. Houve apreensões quantitativas em dinheiro, que está sendo contabilizado neste momento e, com o sequestro de bens e valores durante o processo, o intuito é de ressarcir as vítimas”, declarou Freire.
Segundo Murilo, os valores e bens apreendidos podem ser usados para ressarcir as vítimas do crime.
De acordo com o delegado, na operação, 77 suspeitos foram presos nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina, e devem responder pelos crimes de estelionato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Golpe
O delegado Murilo explicou que o esquema aplicado pelos golpistas se baseava em clonar anúncios de terceiros, principalmente de veículos, colocando valores mais baixos. Segundo ele, os criminosos agiam de forma organizada, com parte deles sendo responsáveis por obter informações sobre os anúncios.
Após clonarem o anúncio, o delegado explicou que os criminosos esperavam pelo contato da outra vítima, que seria o comprador, e então os suspeitos manipulavam os donos dos anúncios originais e os compradores para que eles se encontrassem.
“Eles, preferencialmente, procuram veículos semi-novos e de ótima qualidade e também buscam vendedores não profissionais. Aí eles pegam os detalhes desses anúncios e, na sequência, fazem um anúncio falso, geralmente com preços mais em conta”, afirmou o delegado.
“O golpista vai intermediar o encontro para avaliar o bem. Ele cria uma falsa narrativa para o vendedor dizendo que tem uma dívida com relação ao comprador e pedindo para não falarem sobre valores na hora de mostrar o bem e, da mesma forma, faz com o comprador”, declarou.
Segundo Murilo, após isso, as duas vítimas se encontram e o comprador avalia o bem, mas ao fim da negociação, transfere o valor combinado para a conta bancária do golpista, achando que estava avaliando o veículo com um intermediário.
Os valores recebidos são então repassados para um “setor financeiro” dos criminosos, onde estão os suspeitos responsáveis por lavar o dinheiro, afirmou Murilo.