Na Bahia, fazendeiros são presos suspeitos de matar indígena em disputa de terras
Grupo “Invasão Zero” reuniu fazendeiros da região para expulsar indígenas que ocuparam fazenda
Imagem: Reprodução
Dois fazendeiros foram presos em flagrante suspeitos de matar a tiros uma indígena da etnia pataxó e da tentativa de homicídio contra um cacique neste domingo, na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, na zona rural do município de Potiraguá, no sudoeste do estado.
A indígena que morreu foi identificada como Maria Fátima Muniz de Andrade e o cacique baleado como Nailton Muniz Pataxó. Ele foi atingido no rim e passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga.
Entre os feridos está uma mulher que teve o braço quebrado. Outras pessoas que se machucaram foram hospitalizadas, mas não correm risco de morte.
A fazenda ocupada pelos pataxó está fora dos 54 mil hectares já demarcados como reserva indígena. Mas os indígenas dizem que estudos antropológicos comprovaram que a área é historicamente ocupada pela etnia.
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), informou que vai enviar uma comissão, liderada pela ministra Sonia Guajajara, ao local.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), a situação aconteceu durante a ação de um grupo intitulado Movimento Invasão Zero.
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, a situação aconteceu por causa de disputa de terras entre indígenas e fazendeiros.
Ainda de acordo com o MPI, cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens e convocaram os fazendeiros e comerciantes para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no último sábado. Eles teriam cercado a área com dezenas de veículos.
Além dos fazendeiros que foram detidos, um indígena que portava uma arma artesanal também foi preso. Segundo a Polícia Militar, um ruralista foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável.
Quatro armas de fogo encontradas com os fazendeiros foram apreendidas e encaminhadas para o Departamento de Polícia Técnica (DPT).
O caso é investigado pela delegacia de Itapetinga e acompanhado pela Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul)
A Secretaria da Segurança Pública determinou o reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região.