Esporte

Fluminese conquista pela 1ª vez Libertadores, diante do Boca Juniors

“Time de guerreiros.” Assim, a torcida tricolor se acostumou a saudar o Fluminense desde o feito de 2009, quando a equipe liderada pelo artilheiro Fred pulverizou 99% de chances de cair e se salvou do rebaixamento de maneira épica. Um ano antes, o clube amargava a derrota nos pênaltis para a LDU em pleno Maracanã, na final da Libertadores, que, 15 anos depois, reservaria um roteiro de redenção tardia.

Neste 4 de novembro de 2023, o Fluminense adicionou uma conquista inédita à sua extensa galeria de troféus diante do Boca Juniors. Ainda que não tenha faltado garra e transpiração, sobretudo nos momentos em que teve de jogar com um homem a menos na semifinal e na final, a alcunha dos guerreiros pode ser substituída com mais precisão por “time de predestinados”.

A começar por John Kennedy, cria de Xerém que virou herói tricolor na prorrogação. “Você vai fazer o gol do título”, foi o que ouviu o atacante de 21 anos do técnico Fernando Diniz, antes de entrar em campo no fim do segundo tempo. Em xeque por problemas disciplinares, a ponto de ter sido emprestado para a Ferroviária, o goleador com nome de presidente deu a volta por cima marcando em todas as fases de mata-mata da Libertadores – e não poderia ser diferente na grande decisão.

Diniz teve papel determinante na retomada de JK ao exaltar a todo momento o talento do atacante. A confiança incondicional do treinador em seus comandados é uma marca do melhor trabalho de sua carreira, que o conduziu à seleção brasileira. Talvez por isso não tenha hesitado em cravar o estímulo profético sobre quem faria o gol do título.

Com os títulos do Campeonato Carioca e da Libertadores, o técnico desconstruiu todas as pechas que os críticos tentaram pregar em seu currículo. Provou que é possível praticar o futebol mais vistoso e, ao mesmo tempo, sair vencedor. Que é possível conciliar clube e seleção. E que não existem esquemas táticos ou ideias impraticáveis como jogar com dois pontas (Arias e Keno) do mesmo lado – foi assim que saíram os gols da final, inclusive o primeiro, de Germán Cano.

Entre os predestinados campeões, o argentino certamente terá um capítulo à parte. Marcou 81 gols em duas temporadas pelo Flu, 13 deles na campanha do título continental. Virou ídolo pelo oportunismo dentro da área e pela marca registrada nas comemorações. Para toda a eternidade, não haverá torcedor tricolor imune a fazer o L a cada lembrança deste ano mágico. Agora, não só o L de Lorenzo e Lionella, filhos do goleador, mas um L de L-I-B-E-R-T-A-D-O-R-E-S.

Impossível também não falar de Marcelo, que, embora tenha sido discreto na final e dado espaço para o chute previsível de Advíncula, carimbou definitivamente seu nome na história. Do Fluminense, o clube que o revelou, e do futebol, ao entrar para o panteão dos craques que conquistaram Libertadores e Champions League (cinco, no caso). “Estava escrito”, disse o lateral ao comemorar o feito alcançado em sua primeira temporada desde o retorno ao Brasil.

Por fim, menção honrosa inevitável ao goleiro Fábio. Aos 43 anos, ele se tornou o jogador mais velho a ganhar a Libertadores e o primeiro brasileiro a completar 100 jogos no torneio. Seguro como de costume contra o Boca, o experiente arqueiro não entregou os pontos até levantar sua primeira taça na competição e virou a página do vice com o Cruzeiro, em 2009.

Sim, 2009. O ano do “time de guerreiros” liderado por Fred, que, no mesmo Maracanã onde pendurou as chuteiras, comemorou mais um título com o Fluminense, agora como dirigente. Sim, 2008 virou apenas uma história a ser contada de geração em geração tricolor, não uma sina.

Uma história que não terá o mesmo peso, muito menos a mesma magia do ano de 2023. Capaz de provar que, sim, quem espera sempre alcança. “Que dia é hoje?”, questionaria Diniz, o regente da orquestra afeito a futebol bem jogado e premonições. Hoje é dia 4 de novembro. O dia em que um time de predestinados conquistou a América para o tricolor das Laranjeiras.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo