Governo de Madura barra observadores internacionais, às vésperas das eleições na Venezuela
Nicolás Maduro – Crédito: Alfredo Lasry/Getty Images
Nicolás Maduro ordenou o fechamento das fronteiras terrestre, aérea e marítima da Venezuela, dias antes das eleições que podem manter o chavismo no poder ou eleger um candidato da oposição após mais de 20 anos.
Na semana passada, a Venezuela baixou um decreto para fechar seu espaço aéreo, marítimo e terrestre a partir da meia-noite de sexta-feira. O governo de Nicolás Maduro, que busca o terceiro mandato, alega que a medida visa garantir a segurança do pleito.
De acordo com a resolução, o bloqueio visa “salvaguardar a inviolabilidade das fronteiras e prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaças à segurança da República Bolivariana da Venezuela por ocasião das eleições presidenciais”, que vão acontecer neste domingo (28/7).
O governo de Maduro controla todas as instituições públicas na Venezuela e foi acusado de fraude eleitoral no passado, principalmente em 2017, quando as autoridades eleitorais mostraram brevemente que a oposição tinha vencido uma corrida para governador – apenas para reverter a sua decisão a favor do candidato do governo, um episódio amplamente referido como um exemplo flagrante de fraude eleitoral.
No período que antecedeu estas eleições, um novo relatório da ONG local Laboratório de Paz afirma que houve mais de 70 detenções arbitrárias desde que a campanha eleitoral começou formalmente, em 4 de julho.
Sob Maduro, a Venezuela rica em petróleo sofreu a pior crise econômica num país em tempos de paz na história recente. Outrora a quinta maior economia da América Latina, hoje a economia da Venezuela encolheu para o equivalente a uma cidade de tamanho médio, menor do que, digamos, Milwaukee, de acordo com dados do FMI.
Após anos de escassez crônica, a maioria dos bens básicos está amplamente disponível na Venezuela, mas é muito cara para a maioria das pessoas comprar. Hoje, o salário mínimo é de cerca de três dólares por mês, complementado com o equivalente a 40 dólares em benefícios governamentais, como vale-refeição e gasolina subsidiada, e mais de oito em cada 10 venezuelanos vivem abaixo da linha da pobreza, de acordo com uma pesquisa independente realizada pela Universidade Católica Andrés Bello de Caracas.
Embora a oposição afirme que o colapso se deve às políticas de Maduro e à corrupção crônica, Maduro argumenta que a Venezuela foi vítima de uma “guerra econômica”, incluindo sanções generalizadas dos EUA ao petróleo, uma exportação venezuelana crucial, que foram impostas em 2019, quando a economia da Venezuela já estava em crise.
Na tarde desta sexta-feira (26/7), uma delegação de ex-presidentes e políticos da América Latina que iria acompanhar o pleito foi impedida de voar para a Venezuela. Segundo as autoridades, três aviões da Copa Airlines foram barrados de decolar até que o grupo se retirasse da aeronave rumo a Caracas.
Após a comitiva desistir da viagem e deixar o avião, os outros voos que carregavam alguns eleitores venezuelanos tiveram permissão para voar.
Na quarta-feira, o vice-presidente do Partido Socialista da Venezuela (PSUV) Diosdado Cabello já havia dito que expulsaria os ex-presidentes se eles pusessem os pés na Venezuela: “Não estão convidados. Se aparecerem no aeroporto, os expulsamos”, afirmou, chamando-os de “inimigos do país” e “fascistas”.