Greve geral na Argentina, protesta contra reformas de Milei
Milhares de pessoas saíram às ruas na Argentina nesta quarta-feira (24) para fazer a primeira greve geral contra o governo do presidente Javier Milei, apenas 45 dias após sua posse.
A greve geral foi oficialmente convocada pela maior central sindical da Argentina, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), de orientação peronista, com o apoio da Confederação dos Trabalhadores Argentinos (CTA), a segunda maior do país.
O país, que já estava abalado por uma inflação anual recorde de 211%, viu as drásticas medidas do novo presidente, líder do partido La Libertad Avanza, piorarem ainda mais o poder de compra da população.
O Ministério da Segurança da Argentina anunciou na manhã desta quarta-feira (24) que continua em vigor o “protocolo de manutenção da ordem pública em caso de fechamento de ruas”, também conhecido como protocolo antipiquetes ou antibloqueio.
As medidas que podem ser tomadas incluem, segundo o mesmo comunicado das autoridades:
- o controle rigoroso dos carros afetados pelo protesto;
- controles em estações ferroviárias;
- controles de concentração;
- proibição de bloqueio de ruas ou qualquer tipo de faixa de trânsito.
“Esclarece-se aos cidadãos que o agrupamento sindical (CGT) não tem capacidade nem está autorizado a assegurar, autorizar ou restringir qualquer tipo de circulação, sendo as autoridades governamentais as únicas com competência para realizar os referidos controles, o que será aplicado sob condições estritas de controle e de acordo com as orientações já notificadas”, conclui o comunicado.
Diversos grupos e instituições se uniram para ir às ruas da Argentina – Foto: AFP
Decreto Nacional de Urgência na Argentina
O DNU afetou profundamente diversos setores da sociedade. Composto por 366 artigos, o decreto introduziu rapidamente grandes mudanças na legislação trabalhista.
Entre elas, a exigência de uma cobertura mínima de 75% em serviços essenciais, a possibilidade de demissões por justa causa durante greves que, junto com a dolarização da economia, reduziu drasticamente o poder de compra dos trabalhadores.
Devido a esta queda drástica no poder de compra, o argentino viu em dezembro o consumo cair 13,7%, e a produção nas pequenas indústrias, 26,9%, segundo dados da Câmara Empresarial CAME.
Todo esse contexto gerou uma situação desconfortável para a classe média e baixa. Cesar destacou a importância da mobilização para demonstrar a grande insatisfação da população com as políticas do governo.