Guardas civis de Aparecida de Goiânia tornaram réus pelos crimes de tortura, invasão de domicílio e estupro

Guarda Civil Municipal de Aparecida de Goiânia, em Goiás – Foto: Claudivino Antunes/Prefeitura de Aparecida de Goiânia
Uma família desabafa sobre o estupro da filha por guardas civis de Aparecida de Goiânia, além de agressões, na casa da família, em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia. Ao todo, seis servidores se tornaram réus pelos crimes de tortura e invasão de domicílio, sendo que dois deles também são acusados de estupro, segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO).
“Foi espancamento e tortura o tempo todo, e eu perguntando para ele: O que? Qual o motivo de terem vindo na minha casa? Eles não falavam, só me xingavam, me chamavam de vagabundo”, conta o morador à TV Anhanguera.
Os crimes aconteceram em duas ocasiões, em setembro de 2020 e janeiro de 2021. Segundo o MP-GO, a decisão de primeiro grau da Justiça recebeu a denúncia quanto ao abuso de autoridade e ao crime sexual, mas havia rejeitado os crimes de tortura, que foram imputados a todos os denunciados. Entretanto, o órgão entrou com recurso pedindo o recebimento integral da denúncia, que foi aceita.
Invasão e ameaças
De acordo com o Ministério Público, os acusados integravam a equipe “Alfa” da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) e são suspeitos praticar os crimes em duas ocasiões. Em setembro de 2020, segundo a promotoria, invadiram a casa da família sem determinação judicial e fora das condições estabelecidas em lei.
Para a TV Anhanguera, o casal detalhou como as agressões aconteceram. Eles contam que haviam saído para comprar um espetinho e, na volta, se depararam com os agentes dentro da casa.
A mulher conta que os agentes a colocaram com a filha na sala, levaram seu marido para a área e começaram as agressões. De acordo com ela, os agentes faziam ameaças de morte o tempo todo e chegaram a colocar uma coleira de cachorro no pescoço do seu marido.
“O tempo todo falavam que iam matar a gente, que a ordem era vir e matar todo mundo aqui de casa”, disse a mulher.
Ainda segundo a mulher, o crime de estupro teria sido praticado contra a filha por dois dos guardas. Na entrevista, a mãe relata o momento em que um deles pediu que a filha tirasse as roupas.
“Chamou a minha filha para a cozinha, ela foi. Eles pediram para ela tirar a roupa, na parte de baixo ela falou que não iria tirar. Ele pediu para ela tirar a parte de cima, aí ela tirou. Um chamou o outro pela janela e falou: ‘Olha aqui, vou dormir deliciando os seios dela’”, contou a mãe.
Sobre o crime sexual, o MP sustenta que dois dos acusados “praticaram atos libidinosos contra uma das vítimas”, mediante grave ameaça.
Segunda invasão
Conforme a investigação, em 6 de janeiro de 2021, quatro guardas municipais retornaram ao mesmo local, “invadiram a residência e submeteram as vítimas a intenso sofrimento físico e mental, reiterando as ameaças de morte caso não deixassem o imóvel”.
Segundo o MP-GO, durante a segunda abordagem, os acusados deram socos contra uma das vítimas, que relata ter ficado vários dias de repouso sem poder trabalhar em virtude das dores provocadas pelas agressões.
Além das penas previstas para os crimes, o Ministério Público pede a fixação de um valor mínimo para reparação por danos morais sofridos pela família.
O órgão esclarece ainda que as investigações contaram com filmagens de câmeras de segurança que captaram a viatura no local, depoimentos de testemunhas e informações de Estação-Rádio-Base, equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia telefônica.
O caso está em segredo de Justiça. Como os nomes dos guardas não foram divulgados.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Aparecida informou que os guardas civis envolvidos foram afastados das atividades operacionais e tiveram o porte de arma suspenso, além de ter sido aberto um procedimento administrativo para apurar os fatos.
Nota da Secretaria de Segurança Pública de Aparecida de Goiânia
A Secretaria de Segurança Pública de Aparecida informa que, assim que houve o ocorrido em 2020, foi aberto um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) e os guardas civis envolvidos foram afastados das atividades operacionais e tiveram o porte de arma suspenso, conforme determina o estatuto da corporação. A pasta aguarda a conclusão do processo judicial para adotar novas medidas.
fonte: g1