Herdeiros de Pelé concordam com termos de testamento e fazem DNA para verificar nova filha
Márcia, a esposa, ficará com 30% dos bens; 60% serão divididos entre seis filhos e a enteada, e 10%, entre dois netos, filhos de Sandra.
Os herdeiros de Pelé, morto em 29 de dezembro de 2022, vítima de um câncer no cólon, concordaram com os termos do testamento deixado pelo Rei do Futebol. A Justiça de São Paulo, por meio de uma decisão publicada pela juíza Andrea Roman, da 2ª Vara de Família e Sucessões, determinou o cumprimento do documento. A informação foi confirmada ao Estadão pelo advogado Luiz Kignel, representante de Márcia Aoki, a viúva de Pelé.
“É um avanço relevante porque retira qualquer discussão sobre a validade do testamento”, disse Kignel. “Os herdeiros poderiam eventualmente discutir alguma cláusula testamentária, mas isso é importante porque deixa claro o respeito à vontade do Pelé.”
Segundo o advogado, o próximo passo será a finalização do levantamento dos bens de Pelé para a conclusão do inventário. Estima-se que ele tenha deixado uma fortuna de R$ 78 milhões.
Edinho, o filho mais famoso do Rei, foi ordenado inventariante, com o aval dos irmãos, depois que Marcia Aoki abriu mão da função. O ex-goleiro pediu para administrar a herança do pai, com o argumento de que está mais familiarizado com os negócios da família.
De acordo com o advogado Augusto Miglioli, que representa Edinho na questão do inventário, os filhos de Pelé estão realizando exames laboratoriais que podem comprovar a existência de uma nova filha do Rei do Futebol.
Pelé respondia na Justiça a uma ação de paternidade movida por Maria do Socorro Azevedo, que é representada pela Defensoria Pública de São Paulo e alega ser sua filha, o que a torna também herdeira legítima da herança do jogador.
O ídolo não recorreu e decidiu que iria fazer o teste de DNA, mas acabou morrendo antes do exame. Ele citou a possibilidade de ter outra filha em seu testamento.
Em respeito ao que foi determinado por Pelé no documento, os filhos se decidiram pela realização do exame de DNA. O processo é necessário para determinar a partilha da herança.
Se o teste comprovar a paternidade, a divisão dos bens terá mais uma pessoa envolvida. Em setembro, eles também concordaram com a inclusão de Gemima, enteada do Rei do Futebol, entre os herdeiros.
Herdeiros
No testamento, assinado em 2020, Pelé destina 30% de todos os seus bens a Márcia — incluindo uma casa no Guarujá —, 60% para serem divididos entre os seis filhos e a enteada, e outros 10% a dois netos, filhos de Sandra Regina, morta em 2006, filha que ele nunca reconheceu.
Caso Maria do Socorro seja reconhecida como herdeira legítima, ela entra na divisão dos 60% com os filhos.
Márcia se casou com Pelé em 2016, quando o Rei já tinha 75 anos. De acordo com o Código Civil brasileiro, todas as pessoas acima de 70 anos devem se casar com separação de bens.
Com 56 anos, ela era a terceira mulher do atleta e o namorava desde 2010. A viúva, que atualmente trabalha em uma empresa de importação de suplementos médicos, conheceu Pelé quando estudava administração em Nova York, nos Estados Unidos, na década de 80. Ela é de Penápolis, no interior de São Paulo.
Antes de Márcia, Pelé havia sido casado duas vezes: com Rosimeri Cholbi e com a cantora gospel Assíria Nascimento. Edinho, de 52 anos, Jennifer, de 43, e Kely, de 54, são os filhos que Pelé teve com Rosemeri.
Os gêmeos Celeste e Joshua, de 26 anos, são fruto da relação dele com Assíria.
Sandra, morta em 2006, vítima de câncer, foi fruto de uma relação rápida que o Rei teve com Anísia Machado, em 1966. O reconhecimento da paternidade se deu anos depois, por meio de um exame de DNA.
Flávia Cristina é filha de Lenita Kurtz, que se relacionou com Pelé em 1969.