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Ícone do skate nos anos 90, Ferrugem relembra conquistas e aplaude nova geraçãoCorinthians x Flamengo

Ferrugem campeão do Tampa Pro Old School — Foto: Arquivo pessoal/Instagram

Rodil Júnor, o Ferrugem, é bicampeão mundial, tem 15 títulos brasileiros e coleciona medalhas nos X Games. “A gente entregou o bastão para pessoas capacitadas”, diz

O multicampeão Rodil Araújo Júnior, conhecido como Ferrugem, acompanha de perto e aplaude as conquistas da nova geração do skate. Hoje com 46 anos, o paranaense está marcado na trajetória do esporte no Brasil e foi ícone na década de 1990, sendo bicampeão mundial e conquistando várias medalhas nos X Games.

— Eu acho que fui um desbravador do skate nacional, isso que tem na memória de muitos atletas o nome do Ferrugem, cresceram ouvindo isso. Tudo que eu construí está se perpetuando, está servindo como referência — disse Ferrugem, em entrevista ao ge.

Ferrugem é de Curitiba, que foi também o berço de Carlos de Andrade, mais conhecido como “Piolho”, o primeiro brasileiro a ser campeão de uma etapa do Mundial (em 1996, em Vancouver) e bicampeão mundial.

Com eles, Curitiba se transformou em uma “capital do skate”. Hoje a cidade vê novos nomes colecionando conquistas, com Augusto Akio (bronze olímpico em Paris e atual campeão mundial no park), Luigi Cini (líder do ranking mundial no park) e Gui Khury (campeão mundial e do X Games na modalidade vertical).

— É uma felicidade total poder ver o que a gente fez e saber que a gente entregou o bastão para pessoas capacitadas como esses atletas – comemorou Ferrugem, fazendo referência ao trio.

Ferrugem, curitibano multicampeão no skate — Foto: Reprodução/ RPC

Legado

O legado deixado por Ferrugem e outros pioneiros do skate em Curtiba hoje serve como incentivo para os mais jovens. A cidade se tornou um polo de desenvolvimento do esporte, com mais de 30 pistas espalhadas pelos bairros, ajudando na realização de campeonatos e na formação de gerações de skatistas.

— Hoje nós estamos em uma pista pública em Curitiba [no Centro da cidade]. Na minha época nós não tínhamos isso – destacou.

Além disso, Ferrugem relembra que precisou mudar a forma que os skatistas eram vistos para possibilitar um novo olhar ao esporte.

– Muitos tinham a visão do skatista como um cara desocupado, que não estuda, que vive somente andando de skate. Eu consegui mostrar o lado profissional do skate, consegui construir uma carreira sólida e sendo um cara limpo de drogas e de bebidas, até porque não tem muito a ver droga com esporte – prega Ferrugem.

— Temos que abrir mão de muita coisa para estar ali. Enquanto muitos estão se divertindo, você vai estar trabalhando, vai estar dedicado à pista, com várias repetições, treinando.

— O conselho que eu dou para toda essa molecada é que o skate muda vidas, o skate abre portas, o skate traz riqueza, mas para isso você tem que treinar. Meu conselho é treino e dedicção para chegar e manter o alto nível — reforçou.

A carreira

Ferrugem vem de uma família de motociclistas. O pai dele era piloto de motocross e, como era um esporte perigoso, sugeriu que o filho praticasse outros esportes.

— Eu comprei um skate com o dinheiro da minha mesada, em 1988. O que era para ser um brinquedo se tornou meu esporte. Por eu ser um cara muito dedicado e criar uma visão mais madura do skateboard, fiz desse esporte a minha profissão.

Sobre o apelido, Rodil Araújo Júnior conta que ficou conhecido como “Ferrugem” justamente pela turma do skate.

— Na década de 90 todo skatista tinha um apelido, e quando eu comecei a andar eu tinha sardas no rosto, do sol. Gostava muito de ficar na praia, no sol, fritava no calorzão, e ia saindo mais sardas. O irmão de um amigo meu me deu esse apelido de Ferrugem e ficou – resume.

Ferrugem, curitibano multicampeão no skate — Foto: Reprodução
Ferrugem, curitibano multicampeão no skate — Foto: Reprodução

Ferrugem conquistou 15 vezes o título brasileiro, foi bicampeão mundial (2002 e 2004), tem três títulos europeus e colecionou oito medalhas de ouro, quatro de prata e uma de bronze nos X Games.

Naquela época, o X Games era considerado as “olimpíadas dos esportes radicais”. O skate só se tornou uma modalidade olímpica em Tóquio-2021.

— Eu sempre levei o skate como uma profissão, algo muito sério. Isso me trouxe bons resultados, bons contratos, visibilidade na televisão – porque na nossa época não tínhamos redes sociais como hoje, em que hoje o atleta consegue se divulgar através dessas redes sociais. Antigamente era através de jornal impresso, de entrevistas ou reportagens na televisão – lembrou.

— Tive como referência alguns atletas de fora do Brasil, porque eram os mais famosos. Tony Hawk, do vertical, e Willy Santos, do Street Style, que é o que eu pratico, foram dois nomes que eu tive como referência no esporte – completou Ferrugem.

Atualmente Ferrugem é empresário e comentarista de skate, mas ainda tem participado de competições. Em abril, ele foi campeão do Tampa Pro Old School.

Em 2018, aos 40 anos, ele chegou a voltar ao skate, pensando em uma vaga nas Olimpíadas de Tóquio, as primeiras com o skate.

Fonte: ge

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