Polícia

Idoso é morto com voadora, indo passear em shopping com neto, no litoral de SP

Cesar Torresi morreu após levar ‘voadora’ na altura do peito em Santos (SP) – Foto: Arquivo Pessoal

O idiso Cesar Fine Torresi 77 anos, que morreu ao ser atingido por uma ‘voadora’ estava com o neto de 11 anos quando ocorreu a agressão, há uma semana, em frente a um shopping de Santos, no litoral de São Paulo. O menino ligou “desesperado” para o pai quando Cesar Finé Torresi caiu desacordado no chão. 

O idoso era morador de Santo André, na Grande São Paulo, mas estava na cidade para visitar o filho, Bruno César Torresi. Em entrevista ao Fantástico, neste domingo, 16, ele relatou a angústia do momento.

“O homem desembarcou do carro e deu a voadora no peito do meu pai. Uma criança de 11 anos, que visualizou tudo ali, o avô caído no chão. Ele me ligou desesperado.”

“As pessoas perguntando o que aconteceu e ele meio que explicando e chorando, meio em choque. Deu uma dó, cara”, afirmou uma testemunha que não quis se identificar. 

O motorista em questão é Tiago Gomes Souza, de 39 anos, que foi indiciado por homicídio doloso – quando há intenção de matar, está preso desde o dia do crime. Testemunhas relataram à polícia que Torresi atravessava a rua junto com o menino, com o semáforo fechado e entre os carros, quando um veículo avançou sobre os dois. 

O idoso teria colocado a mão sobre o capô do carro. Na sequência, o motorista teria descido do veículo e atacado Torresi com uma ‘voadora’ no tórax. O idoso caiu desacordado no chão. Ele chegou a ser socorrido até uma unidade de saúde de Santos, mas sofreu três paradas cardíacas e não resistiu.

Uma testemunha do crime, que não quis se identificar, diz ter visto a criança chorando logo depois do episódio. Um entregador e um morador de rua teriam impedido o agressor de fugir, até que a Polícia Militar chegasse e realizasse a prisão em flagrante. Inclusive, o motorista tem diversas passagens pela polícia.

Tiago Gomes Souza tem diversas passagens na polícia:

  • em 2004, aos 19 anos, foi indiciado por estelionato;
  • em 2009, autuado por dirigir bêbado, desacatou os agentes.;
  • em 2014, Tiago foi enquadrado por lesão corporal e ameaça à esposa, que tinha dado à luz dois meses antes;
  • no ano seguinte, se envolveu em briga numa casa noturna;
  • em 2017, um operador de supermercado denunciou Tiago por injúria racial;
  • em 2021, o empresário cometeu novo desacato contra policiais.

Apesar das passagens, todos os processos contra ele foram arquivados e ele continuou como réu primário. À polícia, ele afirmou que sofre de transtornos psicológicos e que faz uso de remédio controlado. 

A delegada Liliane Doretto afirma que, para ela, o caso se trata de um homicídio com dolo eventual. “Quando ele tem todo esse histórico, age da forma que ele agiu, mesmo que tomado de raiva, e de discernimento, ele se avança contra uma pessoa e pratica um ato de tamanha selvageria, ele correu o risco que essa pessoa morresse”. 

O relatório final do caso foi apresentado à Justiça neste sábado, 16. Conforme a emissora, a defesa dele sabe que Tiago não será absolvido, mas quer enquadrar o crime como lesão corporal.

“O dolo eventual é aquele que assume o risco de produzir um resultado em face de uma conduta de ação. Quem dá um chute em um senhor, pratica lesão corporal e ele não tinha intenção do resultado final, porque ele não saiu para matar ninguém naquele dia, na verdade, os fatos aconteceram em virtude desse tapa que a vítima deu no capô do veículo”, diz o advogado dele, Eugênio Malavasi.

A dor da perda

Torresi, que trabalhava como tipógrafo, deixou três filhos e seis netos. O filho o descreve como um homem amoroso, que fazia tudo para os netos e era preocupado com a família. Agora, eles tentam assimilar a perda tão repentina.

“Além do trabalho dele, [a vida dele] era rodar as cidades para passear com os netos. Ele era um homem muito forte, muito trabalhador. […] Mimava o meu filho. O que a gente não podia comprar, ele ia lá e comprava para o menino, para estragar o neto, porque é assim que avô faz. O menino está sem avô agora também. Difícil. Não tenho mais meu pai. A humanidade tá muito assim, desumana“, desabafa Bruno.

Assassino que matou idoso com voadora em Santos chora durante reconstituição do crime

A Polícia Civil realizou na tarde de quinta-feira (13) a reconstituição do momento em que um homem de 39 anos matou um idoso de 77 com uma voadora. A encenação aconteceu em uma via pública de Santos, no litoral de São Paulo.

Em um registro do momento é possível ver Thiago Gomes de Souza, o agressor, usando um colete à prova de balas e agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) e da Polícia Científica. Também há um homem em pé a poucos metros de Tiago que simula a vítima, identificado por uma camiseta verde e óculos escuros. Em volta da demarcação feita pela polícia, populares se amontoam e filmam com celulares.

Quando o ator se posiciona no lugar da vítima, Tiago leva as mãos ao rosto e abaixa a cabeça, chorando. Nesse momento, as pessoas em volta começam a vaiar com gritos de “assassino” e outros xingamentos. Ele se abaixa ficando de cócoras e se ajoelha, então ergue as mãos pedindo desculpas para os populares em volta.

Tiago se levanta e os agentes da polícia se dirigem a ele antes de prosseguir com a reconstituição. Quando os policiais se posicionam novamente, o investigado dá passos largos até a “vítima” e simula um chute próximo a virilha do policial. “Agora é igual a boneca, né?”, grita alguém na multidão mais de uma vez.

O empresário Tiago Gomes de Souza durante a reconstituição do crime – Imagem: Reprodução/TV Globo

O caso é investigado pelo 3º DP de Santos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, “diligências prosseguem visando ao esclarecimento dos fatos. Demais detalhes serão preservados para garantir a autonomia dos trabalhos policiais.”

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo