Polícia

Imagens só de 3 de 16 mortes em ação da PM mostram confrontos, diz Promotoria

Imagens de câmeras corporais de policiais militares enviadas ao Ministério Público de São Paulo mostram registros de confrontos com criminosos em apenas 3 dos 16 casos iniciais em que houve mortes na Operação Escudo, na Baixada Santista.

Promotores confirmaram ter recebido imagens de seis ocorrências, mas em duas delas as gravações não captaram o momento dos disparos e, em outra, “não trazem nenhuma informação relevante para a investigação”, disse a instituição. Na semana passada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que gravações de sete casos haviam sido enviadas.

Nesta terça-feira (15), outras duas pessoas foram mortas pela PM em Guarujá, fazendo com que o total de vítimas chegasse a 18. A Promotoria investiga, por enquanto, apenas as 16 mortes anteriores. Nos outros dez confrontos, a Polícia Militar afirmou que não havia imagens, segundo a Promotoria -anteriormente a PM declarou que 9 de 16 confrontos tinham imagens disponíveis.

A Escudo é a operação da Polícia Militar paulista mais letal desde o massacre do Carandiru. Ela foi deflagrada no fim de julho, após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Moradores denunciaram assassinato de pessoas que estariam desarmadas, invasões de casas por policiais mascarados, ameaças a moradores e ao menos um caso de tortura. O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nega e afirma que não há evidências.

Ao todo, os promotores afirmam ter assistido a 50 horas de imagens e analisado 12 laudos do Instituto Médico Legal. Agora, eles pretendem comparar as imagens com laudos, versão dos policiais e depoimentos de testemunhas. A análise das câmeras ainda não foi concluída, informou o Ministério Público.

O balanço foi publicado pela TV Globo e confirmado à reportagem. Questionada, a Promotoria não respondeu quais das 16 são as ocorrências têm imagens com confrontos.
Em nota, a Polícia Militar disse que conta com 10.125 câmeras operacionais portáteis (COP) que abrangem 52% dos batalhões do estado e que a seleção das equipes para apoiar as ações na Baixada Santista foi pautada por critérios técnicos e operacionais para manter ações de policiamento preventivo na região e em todo o estado.

As mortes na Operação Escudo, afirmou trecho da nota, são apuradas por meio de inquérito pelas polícias Civil e Militar. “Todo conjunto probatório apurado no curso das investigações, incluindo as imagens das câmeras corporais, está sendo compartilhado com o Ministério Público e o Poder Judiciário.”

Na manhã desta terça-feira (15), também em Guarujá, um delegado da Polícia Federal foi atingido por um tiro na cabeça. O estado de saúde dele é grave.

Câmeras diminuíram mortes pela PM

Desde 2019, parte dos policiais militares usa câmeras acopladas nos uniformes.

Durante a campanha eleitoral ao governo estadual, Tarcísio chegou a dizer que iria retirar a obrigatoriedade de policiais terem uma câmera nas fardas, mas depois recuou.

Logo após a posse, o secretário da Segurança Pública, o PM da reserva Guilherme Derrite, afirmou em entrevista que o governo iria rever as câmeras corporais da Policia Militar. No dia seguinte, porém, disse que sua fala havia sido distorcida e que o “Programa Olho Vivo” seria mantido.

A implantação da tecnologia teve resultados positivos na redução das mortes de suspeitos e de policiais e se tornou um novo meio de coleta de provas.

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