Imperatriz Leopoldinense é a campeã do carnaval de 2023 do Rio de Janeiro
Não era fácil entrar na quadra da escola de samba Imperatriz Leopoldinense na noite desta quarta de cinzas. Após 22 anos, a verde e branco de Ramos, na Zona Norte do Rio, soltou o grito de campeã entalado na garganta.
Às 19h já não cabia mais ninguém na quadra visualmente. O empurra-empurra da entrada, que causou um princípio de confusão e banhos de cerveja involuntários, era superado pelo samba no pé da comunidade dentro da quadra. Até brindes, com camisas, eram jogadas do palco.
No total, 15 mil latinhas de cerveja a disposição da comunidade garantem levar a festa até o dia raiar ou até “eles aguentarem cantar o samba”, disse a presidente Catia Drumond.
“O trabalho foi bem feito, a gente estava há 22 anos sem o título para Ramos e Complexo do Alemão”, continuou.
Catia destacou a participação da comunidade no título e dedicou a festa ao pai, Luizinho Drumond, que morreu em julho de 2020.
“Titulo entalado na garganta há muito tempo, mas hoje a gente esta feliz porque o título representa demais para gente e para mim, esse título é para o meu pai. É a volta por cima da escola”, completou.
A Imperatriz Leopoldinense foi a quarta escola de samba a desfilar na Marquês de Sapucaí na madrugada na terça-feira (21). Lampião foi o personagem escolhido pela escola do bairro de Ramos, zona norte do Rio.
O samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense conta que Virgulino Ferreira da Silva não foi aceito no céu e nem no inferno. Os carros alegóricos escolhidos para o desfile retratam os dois ambientes.
O desfile também trouxe referências constantes ao sertão nordestino. Uma simulação de perseguição aos capangas de Lampião foi montada em um dos veículos de destaque da escola.
A Imperatriz Leopoldinense também contou com a estreia de Maria Mariá como rainha da bateria. Faixa preta de taekwondo, a ex-passista também é formada em comunicação social pela UFRJ. Ela substituiu a cantora Iza no posto.
Festa do povo
Carnavalesco, rainha de bateria, presidente e vice estavam lá, mas a festa era da comunidade de Ramos e do Complexo do Alemão.
O samba no pé esconde as muitas histórias que eles têm com a agremiação. A aposentada Nanci Venerotti, 61, integrante da velha guarda da escola, descreveu o título como “uma sensação muito gostosa”.
“Mais que uma cala boca em quem criticou a Imperatriz, nosso desfile foi perfeito, nós acreditamos na nossa escola, é uma família” A festa ficou pequena e até um puxadinho foi improvisado em uma laje vizinha. O importante era aproveitar a festa!
Ela mostrava com orgulho a bandeira que ganhou de Maria Helena, porta-bandeira que ajudou a levar o titulo em 2001, o ultimo antes do jejum quebrado hoje.
“Essa bandeira é da Maria Helena, ela quem me deu. Venho aqui desde 2001, eu sou da Velha Guarda”.