Influenciadores suspeitos de maus-tratos contra a filha de 2 anos com paralisia cerebral e chamar os doadores de “trouxas”
Igor de Oliveira Viana e Ana Vitória Alves dos Santos, em Anápolis – Foto: Reprodução/Redes Sociais
Os influenciadores Igor de Oliveira Viana e Ana Vitória Alves dos Santos são investigados pela Polícia Civil por suspeita de crimes em relação a filha de 2 anos que tem paralisia cerebral. A menina, que morava com Igor, foi retirada da casa dele pelo Conselho Tutelar e colocada sob responsabilidade da avó paterna.
Igor Viana tem 24 anos e nasceu em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo a Polícia Civil, Igor não tinha nenhum registro criminal anterior. Apesar de atuar como influenciador digital, ele já atuou como cantor. No YouTube, uma de suas músicas divulgadas conta com mais de 190 mil visualizações. Já a mãe da menina tem 22 anos, também é anapolina e trabalha produzindo conteúdo online.
Na internet, atualmente Igor compartilha a rotina da filha nas redes sociais. No entanto, em algumas das postagens ele também aparece debochando da criança. Na investigação da Polícia Civil, o influenciador também é suspeito de desviar doações feitas por seguidores.
Em um áudio, o influenciador chegou a chamar os seguidores que fizeram doações à menina de 2 anos de “trouxas”. Além de Igor, a mãe da criança de 2 anos também é investigada pela polícia.
“Ambos trabalham com a internet, mas a principal fonte de renda deles vem das doações que a menina recebe. Estamos apurando se houve desvio de dinheiro e se ele foi utilizado para algo que não seja o sustento e os tratamentos da menina”, descreveu a delegada.
Em nota, a defesa de Ana Vitória disse que ela é inocente, mas que por se tratar de inquérito policial que tramita sob sigilo, a defesa e os envolvidos estão impedidos de prestar informações mais detalhadas sobre a investigação.
O advogado de defesa Daniel Louredo Cardoso informou também que a mãe da menina já se apresentou a Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) para prestar todos os esclarecimentos que o caso requer.
Questionado sobre o suposto desvio de dinheiro, Igor alegou que não cometeu um crime. O influenciador argumentou que a filha não tem PIX e o dinheiro era enviado para a conta dele, portanto, ele não seria obrigado a gastar apenas com a menina.
“Minha filha não tem PIX, então se eles foram trouxas, a culpa não é minha. Eu não sou obrigado a usar o dinheiro que eles mandam especificamente com a minha filha. Eu também tenho necessidade de serem supridas. Também sou um ser humano”, falou Igor.
Sobre os vídeos ironizando a filha, Igor alegou que “a criança é chata” e que já deu muito trabalho para ele. O influenciador disse que sua vontade às vezes “é de largar na porta do orfanato”, referindo-se à filha.
“Eu não imaginava que uma criança que tem 10% do cérebro funcionando fosse tão chata e pudesse me dar tanto problema. A vontade, às vezes, é de largar na porta do orfanato e deixar alguém se virar, alguém tomar conta”, finalizou.
Segundo a delegada, a mãe da menina também é suspeita de desviar o dinheiro da filha e, se confirmadas as autorias dos crimes pelos quais Igor é investigado, ela pode responder também por omissão.
“Ela, sendo a mãe, enquanto estava casada com ele, se não agiu para impedir isso, também responde por omissão. Como mãe, ela tem o dever de evitar e de não concordar com esse tipo de atitude. No momento em que concordou e permitiu o que ele fez, sem tomar providências, ela pode ser responsabilizada por omissão”, disse a delegada.
A delegada explicou que Igor e a mulher estão separados há algum tempo e não há processo judicial sobre a guarda da menina. Porém, existia um acordo verbal entre eles de que Igor moraria com a filha. Após as investigações, a menina foi retirada da casa de Igor e levada pelo Conselho Tutelar para a casa da avó paterna dela.
“É um termo de responsabilidade. Não é decisão de guarda. A criança fica sob responsabilidade de um familiar enquanto não há uma decisão judicial sobre aquela guarda”, explicou a delegada Aline.
fonte: g1