Internação de rei Zulu abre especulação sobre possível envenenamento
O estado de saúde do rei zulu foi alvo de especulações após informações contraditórias divulgadas por autoridades do reino sul-africano, cuja população é estimada em 11 milhões. O soberano foi coroado no ano passado após uma longa disputa.
Em comunicado divulgado no último sábado (1º), o premiê do reino zulu, Mangosuthu Buthelezi, disse que o rei havia sido hospitalizado. Segundo ele, havia a suspeita de envenenamento do soberano dias após a morte de um de seus principais conselheiros pela mesma razão.
“[O vereador Douglas Xaba] morreu, e suspeitamos que tenha sido envenenado”, disse o premiê. “Quando sua majestade começou a sentir dores, começamos a suspeitar que ele também havia sido envenenado.”
Ele acrescentou que o rei preferiu ser hospitalizado na Suazilândia, uma das últimas monarquias absolutas do mundo, em vez de na África do Sul, onde seus pais morreram depois de tratamentos médicos.
Mas as suspeitas de envenenamento foram desmentidas horas depois pelo porta-voz do soberano. À agência de notícias AFP ele criticou o que chamou de “tentativa organizada de divulgar informações sem fundamento sobre o estado de saúde de sua majestade”. “O rei foi submetido a vários exames médicos por precaução, no contexto da Covid e após a morte repentina do seu conselheiro”, disse ele.
O próprio rei zulu, Misuzulu, falou com a agência AFP, por telefone, nesta segunda-feira (3), e disse estar “muito apto e saudável”.
Com 11 línguas oficiais, a África do Sul reconhece na Constituição soberanos e líderes tradicionais que, apesar de não terem poder executivo, exercem autoridade moral e são reverenciados por seu povo.
Misuzulu Zulu substituiu seu pai, Goodwill Zwelithini, que morreu em 2021 e deixou seis esposas e pelo menos 28 filhos. A primeira esposa alega ser a única legítima e foi ao tribunal para contestar a coroação.
Misuzulu é filho da terceira esposa. Ele próprio tem duas esposas e pelo menos quatro filhos. “Aqueles que são zulus e conhecem as tradições sabem quem é o rei”, disse Themba Fakazi, conselheiro do ex-governante e defensor de Misuzulu Zulu, antes da cerimônia de coroação do novo rei.
Outros membros do palácio levantaram a voz na batalha judicial que alguns dizem ter tornado o “povo do céu” motivo de chacota. Não se trata apenas da luta pelo trono, mas também pela fortuna real. O rei zulu possui inúmeras terras geridas por um fundo do qual ele é o único administrador. São cerca de 30 mil quilômetros quadrados, uma área semelhante à da Bélgica, e quase 1.500 propriedades.
Conhecido pelo estilo de vida luxuoso, Zwelithini recebia US$ 75 mil por ano para suas despesas pessoais, além de um orçamento de US$ 4,2 milhões para o funcionamento do reino.