Mundo

Kamala Harris fala sobre unir os EUA e ataca Trump, focou nos indecisos, no último dia de convenção

Kamala discursa como candidata à presidência dos EUA – Foto: Elizabeth Frantz/Reuters

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, pregou união do país em seu discurso entre a noite desta quinta-feira (22) e a madrugada de sexta-feira (23), horário de Brasília. A fala marcou o encerramento da Convenção Democrata, evento iniciado na segunda-feira (19).

Kamala Harris conseguiu o impensável, em apenas um mês transformou a narrativa da eleição e refez rapidamente a unidade de um partido que estava dividido e caminhando para um desastre nas urnas. Mais do que os delegados que lotaram o estádio do Chicago Bulls, ela focou nos eleitores indecisos e independentes que assistiam pela TV ao discurso de aceitação como candidata democrata à Presidência dos EUA.

Kamala iniciou contando a história dela, da época “pobre”, fazendo um paralelo à classe média e lembrando a mãe. “(Ela) ensinou a Maya (irmã) e a mim uma lição que Michelle (Obama) mencionou outra noite: ela nos ensinou a nunca reclamar da injustiça, mas fazer algo a respeito”, disse.

Em outro aceno à classe média, ela fez questão de frisar que vai atuar para garantir acesso a serviços de saúde para os americanos, que isto “não será fácil”, mas que “nós nunca vamos desistir”. Kamala disse ainda que vai reconstruir o sistema de imigração.

A vice-presidente usou vários momentos para falar sobre unir o país, e que será a presidente de “todos os americanos”. Kamala fez questão de, em alguns momentos, sem citar Trump nominalmente, dizer que ele alimenta o ódio e a violência.

Trump foi descrito em vários momentos como uma pessoa que não é de confiança. Ela lembrou o questionamento do republicano à apuração dos votos na última eleição e também que ele teria tentado “violar” a escolha dos americanos. Esta afirmação faz relação com um pedido de Trump para o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, alterar o resultado da eleição.

“Você sempre pode confiar em mim para colocar o país acima do partido e de si mesmo, para manter sagrados os princípios fundamentais da América”, contrapôs Kamala, que disse em vários momentos que vai atuar para garantir liberdades.

“Candidata do fututo”

Mais uma vez Kamala tentou firmar-se como a candidata do “futuro” e que Trump representaria o passado. “America, nós não vamos para trás”, disse ela. Logo em seguida, a multidão repetiu: “Nós não vamos para trás”.

O “egoísmo” do adversário foi pontuado em vários momentos. Ela disse que Trump teria usado o poder como presidente para melhorar a própria vida e que ele só servia a si mesmo.

Sobre um dos pontos centrais da campanha, os direitos das mulheres, ela pontuou que o republicano tenta ter o controle da Suprema Corte para interferir no tema. “Donald Trump escolheu a dedo membros da Suprema Corte dos Estados Unidos para tirar a liberdade reprodutiva, e agora ele se gaba disso”, disse ela.

A respeito de política internacional, Kamala falou sobre uma coalisão internacional para frear o presidente russo Vladimir Putin, e citou que “Trump o encorajou a invadir nossos aliados”, fazendo referência à Ucrânia. A vice-presidente dos EUA também disse que vai fortalecer as forças de segurança do país.

Em resposta aos manifestantes que protestaram contra a guerra em Gaza, nas imediações do estádio, ela mostrou estar alinhada ao presidente: fez uma defesa contundente ao direito de Israel se defender do terror e lamentou a escala de sofrimento no território palestino nos últimos dez meses, sem atribuí-la a Israel.

A candidata reforçou a liderança global dos EUA e advertiu que, ao contrário de Trump, não abandonará a Otan e os aliados do país e lembrou que ditadores como Kim Jong-un torcem pela vitória do republicano.

Foi um discurso enxuto no qual Kamala Harris exibiu as credenciais de promotora durona, no papel que ela escolheu para exercer em sua carreira, o de representante do povo.

De segunda a quarta-feira (21), a convenção deu voz aos principais nomes dos democratas no evento realizado em Chicago – entre os quais, Joe Biden, Barack Obama, Bill Clinton, Hillary Clinton e Michelle Obama.

Na segunda, Biden subiu ao palco e discursou por quase uma hora. Em tom de despedida, ele fez um balanço da gestão, mas sempre defendendo o legado construído “com Kamala”. Ele não poupou ataques ao ex-presidente Trump e foi muito aplaudido pelos apoiadores.

Biden foi antecedido por Hillary. A ex-secretária de Estado enalteceu, durante se discurso, as propostas sobre direitos das mulheres defendidas por Kamala, a quem disse que não descansaria até atingir este objetivo.

O ex-presidente Barack Obama encerrou as atividades na terça-feira (20/8). Ele parafraseou o tema da campanha que o levou à Casa Branca na campanha de 2008, com o popular “Sim, nós podemos”. À plateia, neste ano, Obama dizia: “Sim, ela pode”.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo