Líder do União Brasil deputado Pedro Lucas rejeita convite para ministério, pede “desculpas” a Lula

Crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados/ Arquivo
Líder do União Brasil na Câmara, deputado Pedro Lucas (União-MA) recusou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério das Comunicações. Ele havia sido anunciado como titular da pasta pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, no dia 10.
“Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados”, disse o parlamentar em nota divulgada após reunião com o presidente do partido, Antônio Rueda, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
“A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil”, segue.
“Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil.”
Mais cedo, uma nota supostamente assinada pelo presidente do União, Antonio Rueda, chegou a circular entre jornalistas. No texto, Rueda também citava a recusa do ministério, mas dizia que o União Brasil seguia na base de governo e indicaria novo nome. O partido, no entanto, não confirmou a autenticidade da nota.
Pesou para a recusa de Pedro Lucas o clima de instabilidade no partido caso ele abrisse mão do atual cargo na Casa legislativa. Há, também, dúvida dentro da própria legenda se deve manter proximidade ou não com o governo.
Reservadamente, figuras do gestão Lula dizem que a ação é desrespeitosa e que pode levar a uma reavaliação do grupo sobre qual deve ser o espaço de participação do União Brasil no governo.
Considera-se, ainda, na relação do partido com o governo Lula, o fato de que o União foi o partido do Centrão que mais entregou assinaturas no requerimento de urgência ao projeto de lei da anistia as presos de 8 de janeiro. Quarenta dos 59 deputados do partido assinaram o documento.
A insatisfação dos deputados gerou a preocupação de que a saída de Pedro Lucas da liderança provoque uma nova guerra pela sucessão e, em último caso, resulte na eleição de um parlamentar de oposição ao governo.
No começo do ano, a própria decisão por Pedro Lucas causou uma divisão no partido, quando outros dois nomes estavam na disputa. Leur Lomanto Júnior (União-BA) falou em uma reunião da bancada do partido, em dezembro de 2024 que o partido poderia a voltar a ser “piadinha” pela desunião interna.
Íntegra a nota de Pedro Lucas:
“Com espírito de responsabilidade e profundo respeito pela democracia brasileira, venho a público agradecer ao presidente Lula pelo honroso convite para assumir o Ministério das Comunicações. A confiança depositada em meu nome me tocou de maneira especial e jamais será esquecida.
Reflito diariamente sobre o papel que a política deve exercer: servir ao povo com compromisso, equilíbrio e coragem.
Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados. A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil.
Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil.
Seguirei lutando pelo bem-estar de todos os brasileiros, especialmente daqueles que mais precisam. Continuarei atuando com firmeza no Parlamento, buscando consensos, defendendo a boa política e acreditando que o respeito às diferenças é o que fortalece nossa democracia.”