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Liz Truss renuncia: por que premiê britânica anunciou saída após 6 semanas no cargo

A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (20/10), depois de apenas 45 dias na função. Seu governo é o mais curto da história do Reino Unido.

Em seu breve pronunciamento, Truss disse que não poderia cumprir o mandato para o qual foi eleita e notificou o rei Charles 3º que estava renunciando.

Ela anunciou que haverá uma eleição dentro do partido Conservador que deve ser concluída na próxima semana, que escolherá o novo premiê. Ela ficará no cargo até a escolha do novo líder do partido e consequente premiê.

A renúncia aconteceu depois de uma reunião com deputados conservadores que pediram sua saída.

A premiê já estava sob pressão desde o começo do mês, quando seu governo anunciou propostas econômicas de corte de impostos e aumento de gastos públicos.

Esses anúncios foram mal recebidos pelos mercados, provocaram uma desvalorização da libra esterlina e redução acentuada dos índices da bolsa de Londres — e em consequência a queda do ministro da Economia, Kwasi Kwarteng.

Na semana passada, as medidas foram revertidas e um novo ministro da Economia assumiu a pasta.

Mas na quarta-feira, uma sessão caótica no Parlamento britânico em que os parlamentares votavam uma medida regulamentadora da controversa atividade de fracking para extração de petróleo, dividiu ainda mais o partido. Opositores de Truss acusaram apoiadores da premiê de bullying e violência física.

A permanência de Truss no cargo ficou insustentável depois que sua ministra do Interior, Suella Braverman, se demitiu, aparentemente por uma falha de segurança dos sistemas internos de comunicação. Mas em sua carta de renúncia ela criticou duramente a primera-ministra.

Os dois principais partidos de oposição pressionam agora para a realização de eleições gerais em caráter extraordinário.

Gráfico comparativo
Legenda da foto,Liz Truss

Quem é Liz Truss

Com a renúncia após 45 dias, Truss se tornou a primeira-ministra com menos tempo no cargo na história do Reino Unido, superando George Canning, falecido em 1827 após ter governado apenas 119 dias como primeiro-ministro.

Liz Truss assumiu a liderança do Partido Conservador em setembro depois de uma acirrada disputa com o ex-primeiro-ministro da Economia de Boris Johnson, Rishi Sunak. Truss recebeu mais de 80 mil votos de membros do partido.

Com ampla maioria no Parlamento, Liz manteve os conservadores no comando do país, após ter sido formalmente convidada pela rainha Elizabeth 2ª a formar o governo, como determina o protocolo britânico.

Formada em economia, Truss é casada com o contador Hugh O’Leary desde 2000. O casal tem duas filhas.

No referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o famoso Brexit, Truss havia votado em favor da permanência do país como membro do bloco.

Após o resultado, no entanto, ela mudou de ideia e disse que o Brexit era uma oportunidade para o país, tornando-se popular entre parlamentares que apoiaram a saída do Reino Unido do bloco.

Antes de ser eleita primeira-ministra, Truss foi ministra de Relações Exteriores do governo de Boris Johnson e passou anos construindo uma estreita relação com associações de distritos eleitorais. Ela permaneceu leal a Boris Johnson durante os dias mais difíceis de seu mandato.

Por outro lado, de muitas maneiras, ela não é uma “conservadora convencional”. Sua família é um exemplo disso. Ela nasceu em uma família de classe média na cidade de Oxford em 1975. Segundo ela, seu pai, professor de matemática, e sua mãe, enfermeira, eram pessoas “de esquerda”.

Quando jovem, sua mãe participou de marchas da Campanha pelo Desarmamento Nuclear, uma organização que se opunha veementemente à decisão do governo Thatcher de permitir a instalação de ogivas nucleares dos Estados Unidos na base aérea de Greenham Common, a oeste de Londres.

Truss, no entanto, se filiou ao Partido Conservador.

Segundo um perfil publicado pelo jornal Financial Times, ela tomou a decisão de se filiar aos conservadores depois de uma viagem a países do leste europeu que tinham acabado de abandonar o comunismo.

Fonte: bbc

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