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Lula chama postura de Trump de ‘irresponsável’ após ameaças ao Brics e diz que mundo não quer ‘imperador’

Foto: Reprodução

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que a delegação brasileira tentou tratar o assunto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu, nesta segunda-feira (7/7), as ameaças e críticas feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em suas redes sociais ao Brics e ao Brasil.

Trump ameaçou impor tarifas a países que adotarem políticas alinhadas com os Brics e defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu em um caso que apura uma tentativa de golpe no Brasil. Para Lula, a postura de Trump foi “irresponsável”.

“Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperador”, disse Lula em entrevista coletiva após o encerramento da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro.

A declaração foi uma resposta à ameaça feita por Trump em sua rede social, o Truth Social, no domingo.

“Qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas do Brics será cobrado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política”, escreveu Trump nas redes sociais.

Aparentando incômodo com a manifestação de Trump, Lula cobrou “respeito” por parte do presidente americano.

“Somos países soberanos. Se ele achar que ele pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade […] As pessoas precisam aprender que respeito é muito bom. A gente gosta de dar e gosta de receber, e é preciso que as pessoas leiam o significado da palavra soberania. Cada país é dono do seu nariz”, disse o petista.

Esta não foi a primeira vez que Trump ameaçou impor sanções a países do Brics.

Em novembro de 2024, ele prometeu impor tarifas a produtos de países do bloco que aderissem a mecanismos para diminuir o uso do dólar americano em suas transações comerciais.

O uso de moedas locais nas transações financeiras entre os países do bloco foi defendida por Lula durante a entrevista coletiva, mas o tema foi tratado com menos ênfase na declaração final do Brics, divulgada no domingo, em comparação com a declaração da cúpula realizada na Rússia, em 2024.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que a delegação brasileira tentou tratar o assunto com mais discrição justamente para evitar um embate direto com Trump.

Já diplomatas brasileiros disseram à reportagem que o Brics não teme o líder americano, mas que o grupo não queria que países de fora fossem o centro da declaração.

A avaliação dentro do Itamaraty é que o trecho do documento que critica tarifas comerciais unilaterais, sem citar diretamente os EUA, teve uma linguagem “serena e firme”.

Essas fontes notam também que, após a expansão do bloco, a negociação para alcançar consensos se tornou mais complexa. Por outro lado, a declaração do grupo ganhou mais peso, defendem.

No ano passado, a lista de membros do Brics expandiu-se para além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e passou a incluir também Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

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